ONDE HÁ FUMAÇA, HÁ FOGO: UMA ANÁLISE SOBRE A INTERVENÇÃO ECONÔMICA DO ESTADO E PERCEPÇÃO DE CORRUPÇÃO NO MUNDO

DISCENTE: ROMUALDO GUTEMBERG DA SILVA; ORIENTADOR: RANULFO PARANHOS

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                    UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS - ICS
CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

Onde há fumaça, há fogo
Uma análise sobre a Intervenção Econômica do Estado e Percepção de
Corrupção no Mundo

Romualdo Gutemberg da Silva

Onde há fumaça, há fogo
Uma análise sobre a Intervenção Econômica do Estado e Percepção de
Corrupção no Mundo

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)
apresentado como requisito para obtenção
do título de Licenciado em Ciências
Sociais, da Universidade Federal de
Alagoas, sob a orientação do Profº Dr.
Ranulfo Paranhos

Maceió-AL, out/2018

Folha de Defesa de Trabalho de Conclusão de Curso - TCC
Universidade Federal de Alagoas - UFAL
Instituto de Ciências Sociais - ICS

Monografia de autoria de Romualdo Gutemberg da Silva, intitulada: “Onde há
Fumaça, há Fogo: Uma análise sobre a Intervenção Econômica do Estado e
Percepção de Corrupção no Mundo”, apresentada como requisito parcial para obtenção
do título de Licenciado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Alagoas
(UFAL), em 23 / 10 de 2018, defendido e aprovado pela banca examinadora abaixo
assinada:

Banca Examinadora:
_________________________________
Prof. Dr. Ranulfo Paranhos
Orientador (ICS/UFAL)

_________________________________
José Alexandre Júnior (ICS/UFAL)

_________________________________
Diego Freitas Rodrigues
Avaliador Externo (UNIT)

Maceió-AL, out/2018

DEDICATÓRIA
Agradeço a Deus por ter me dado à oportunidade de poder esta concluindo este
curso com esse trabalho, pois nele está toda a minha confiança, dedico também aos
meus pais Antonio Romualdo da silva neto e Vandete Godoi que sempre estiveram
comigo, me incentivando a continuar. Ao meu professor Ranulfo Paranhos.

AGRADECIMENTOS

Quero agradecer aos meus pais (Antonio Romualdo e Vandete), sou grato a eles,
minha motivação vem deles, que nos momentos mais difíceis sempre estiveram do meu
lado me apoiando em todas as minhas batalhas para que eu pudesse realizá-las. Às
minhas irmãs (Rosemeyre e Rousewanda), que sempre deram força para continuar
sempre com pensamentos positivos.
Agradeço a todo corpo docente do Instituto de Ciências Sociais (ICS) sãos meus
amigos de graduação Viviane Melo, Vidna Leite, Mariana Felix, Leonardo Araújo, Erik
Meneses, Rosângela Tigre, a todo grupo de pesquisa Cidadania e Políticas Públicas, as
amigas que conheci nessa trajetória acadêmica Paula Huanna, Dayara Laffaet e ao
amigo Rivelino Tavares que desde o momento do resultado da aprovação nesta
Universidade esteve junto torcendo pelo meu sucesso. .
Ao meu orientador, prof.: Dr. Ranulfo Paranhos, por toda a contribuição dada
não só no trabalho final, mas também em toda minha graduação, minha eterna gratidão.
Agradecer aos professores que participaram da banca examinadora, José Alexandre
Júnior, Diego Freitas e, por fim, agradeço a Deus pela oportunidade de concluir minha
graduação, sempre me guiando na fé em busca dos meus objetivos.

Resumo
Qual o efeito da intervenção econômica do Estado sobre a percepção
de corrupção no mundo? O objetivo deste trabalho de conclusão de
curso é analisar os efeitos da intervenção estatal sobre indicadores de
economia dos países sobre a percepção de corrupção no mundo.
Metodologicamente, utilizaremos estatística descritiva e inferencial,
com de análise multivariada para testar a hipótese de que quanto
maior o nível de intervenção econômica, maior é a percepção de
corrupção. Tecnicamente, sistematizamos uma base de dados a partir
variáveis de interesses extraídas das bases de informações Quality of
Government (QOG), Transparency International (TI), World Values
Surveys (WVS), Freedon House, Quality of Democracy Index (The
Economist) e Haritage Foundation. Nossa unidade de análise
corresponde aos países e os dados correspondem a informações do
período de 2010 a 2015. Os resultados preliminares indicam que
(1)....; (2).... ; e (3).
Palavras-chaves: Percepção de corrupção; Estados nacionais;
Intervenção do Estado.

Abstract
Quais os efeitos da intervenção do Estado sobre a percepção de
corrupção no mundo? O objetivo deste projeto é analisar os efeitos da
intervenção estatal sobre indicadores de economia dos países sobre a
percepção de corrupção no mundo. Metodologicamente, utilizaremos
estatística descritiva e inferencial, com de análise multivariada para
testar a hipótese de que quanto maior o nível de intervenção
econômica, maior é a percepção de corrupção. Tecnicamente,
sistematizamos uma base de dados a partir variáveis de interesses
extraídas das bases de informações Quality of Government (QOG),
Transparency International (TI), World Values Surveys (WVS),
Freedon House, Quality of Democracy Index (The Economist) e
Haritage Foundation. Nossa unidade de análise corresponde aos
países e os dados correspondem a informações do período de 2010 a
2015. Os resultados preliminares indicam que (1)....; (2).... ; e (3).
Keywords: Percepção de corrupção; Estados nacionais; Intervenção
do Estado..

LISTA DE SIGLAS

QOG - Quality of Government
TI - Transparency International
WVS - World Values Surveys
BEETS - Business Environment and Enterprise Performance Survey
IDH - Índice de Desenvolvimento Humano

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Estatística descritiva do Escopo do Estado………………………...............26

Tabela 2 - Estatística descritiva da Liberdade Econômica (2017)..................................28
Tabela 3 - Estatística descritiva da Percepção de Corrupção (2017).............................30
Tabela 4 - Correlação de Pearson (r) entre Escopo do Estado x Percepção de Corrup...32

Tabela 5 - Correlação de Pearson (r) entre Liberdade Econômica x Percepção de Co...33

Tabela 6 - Correlação de Pearson (r) entre Liberdade Econômica x Escopo do Es........33

Tabela 7 - Modelo de regressão multivariada.................................................................35

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Histograma da variável Escopo do Estado ..................................................27

Gráfico 2 - Escopo do Estado(2017.................................................................................27

Gráfico 3 - Liberdade Econômica (2017)........................................................................29

Gráfico 4 - Liberdade Econômica (2017)........................................................................29

Gráfico 5 - Histograma da variável percepção de corrupção..........................................30

Gráfico 6 - Percepção de Corrupção (2017)....................................................................31

Gráfico 7 - Escopo do Estado x Percepção de Corrupção...............................................32

Gráfico 8 - Escopo do Estado x Percepção de Corrupção...............................................33

Gráfico 9 - Liberdade Econômica x Escopo do Estado...................................................34

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Desenho de pesquisa………………………………………………………23
Quadro 2 – Banco de dados……………………............………………………………23

SUMÁRIO
1 Introdução .............................................................................................................. 13
2 Uma breve discussão sobre Intervenção dos Estados e Percepção de Corrupç...15

3 Procedimentos Metodológicos...................................................................................23
3.1 Explicitação do desenho de pesquisa....................................................................23
3.2 Opções técnicas para produção de resultados.......................................................24
3.3 Coleta e sistematização de base de dados..............................................................24
3.4 Resalva metodológica............................................................................................25
4 Análise eResultados....................................................................................................26
4.1 Estatística Descritiva.............................................................................................26
4.2 Cruzamento de dimensão Analítica.......................................................................31
4.3 Testando Hipótese.................................................................................................34
5 Considerações Finais..................................................................................................38
6 Referências Bibliográfica...........................................................................................39

1. Introdução

A corrupção dos governantes quase sempre
começa com a corrupção dos seus princípios.
Montesquieu

Lidar com o tema corrupção é a uma tarefa desafiadora para a Ciência Política,
principalmente porque os agentes envolvidos na prática se esforçam para omitir suas
estratégias. You e Khagram (2005) corroboram essa perspectiva ao afirmar que esse é
um dos principais desafios enfrentados pelos estudiosos do assunto. Pensando nisso,
nosso esforço aqui consiste em contribuir com essa agenda de pesquisa, analisando
como a percepção de corrupção varia em diferentes países e que fatores podem ajudar a
explicar essa variação.
A literatura internacional sobre o tema corrupção é bastante ampla, mas aqui
lidamos especificamente com estudos sobre percepção de corrupção em nível
comparado (SCOTT, 1972; INGLEHART, 1977, 1988, 1990, 2000; NORRIS, 1999;
ROSE-ACKERMAN, 1999; DIAMOND, 1999; HELLMAN, JONES & KAUFMANN,
2000; JOHNSTON, 2000; TREISMAN, 1999, 2000; SELIGSON, 2002; JACMAN e
MONTINOLA, 2002; POWER e GONZALES, 2003). Resumidamente, o principal
objetivo dessa literatura é estimar a percepção da corrupção testando diferentes
variáveis explicativas, tomando como unidade de análise estados nacionais.
Afim de cumprir com nossa tarefa de pesquisa, utilizamos um indicador de
intervenção do Estado1 sobre questões econômicas para comparar com o Índice de
Percepção de Corrupção2 produzido pela Transparency International. Além disso,
utilizamos diferentes medidas de qualidade democrática produzidas por instituições
como Quality of Government (QOG), Transparency International (TI), World Values
Surveys (WVS), Freedon House, Quality of Democracy e o The Economist (Index od
Democracy). Nossa hipótese central de trabalho é que a intervenção do Estado em

1

Essenciamente, nosso indicador é extraído de levantamentos de dados realizado pela
Haritage Foundation: https://www.heritage.org/

2

http://www.transparency.org/news/feature/corruption_perceptions_index_2016?gclid=CL27x64yNMCFQOAkQod8FAAKA

13

questões econômicas implica na percepção de corrupção de corrupção por parte de seus
cidadãos. Em termos mais práticos, o que aqui chamamos de intervenção do Estado diz
respeito a gastos públicos e carga tributária.
Para cumprir com nosso desenho de pesquisa esse trabalho de conclusão de
curso apresenta mais quatro seções. A próxima parte faz uma breve revisão de literatura
sobre a intervenção do Estado em questões econômicas e sobre a concepção de
corrupção. Em seguida, apresentamos nossos procedimentos metodológicos, bem como
a origem dos dados. O próximo passo é a apresentação dos resultados e suas respectivas
análises. Por fim, serão feitas nossas considerações finais.

14

2. Uma breve discussão sobre
Intervenção dos Estados e Percepção de Corrupção

Acabar com a corrupção é o objetivo
supremo
de quem ainda não chegou ao poder.
Millôr Fernandes
Segundo Omar (2001), desde o início dos anos 70 o governo entrou de vez na
pauta do debate sobre o seu papel junto ao mercado e como o responsável por todos os
males da sociedade: alta inflação, déficit público, alta dívida pública, ineficiência,
empresas públicas onerosas, desperdício do dinheiro dos contribuintes, corrupção, etc.
Somado a isso, o fracasso das economias dos países ex-socialistas, além da crise do
Estado em países menos desenvolvidos nos anos 80 ofereceram um argumento
persuasivo e munições para os que defendem o mercado contra o Estado. Esse debate
nos leva ao cerne da intervenção do Estado em questões econômicas.
O tema intervenção do Estado não é novo na área de Ciência Política ou gestão
publica. Além disso, pode suscitar diferentes conceitos e interpretações. Segundo o
relatório Banco Mundial (1997, p. 4), o que ele considera como intervenção estatal pode
acontecer de diversas formas na economia, que podem ser interpretadas também como
funções de intervenção: formar uma base jurídica; manter políticas não-distorcionistas,
estabilidade macroeconômica; investir em serviços básicos e infraestrutura; proteger os
grupos vulneráveis; proteger o meio ambiente. Iglesias (2006) soma a esses elementos a
função do Estado ter que promover o desenvolvimento tecnológico e de inovações.
Ainda nessa perspectiva de que o Estado precisa realizar intervenção sobre
comportamento da sua economia doméstica, Lerda, Acquatella e Gómez (2005)
defendem que o Estado deve efetuar sua intervenção de maneira eficiente no que diz
respeito a gestão pública, promovendo uma prestação de serviços ao cidadão da melhor
forma possível. Por sua vez, Frey (2001) advoga que a intervenção do Estado deve ser
realizada através de planejamento e é função indispensável para evitar as externalidades
negativas do processo de crescimento econômico e para corrigir distorções sociais e
15

econômicas já presentes nas sociedades. Mas Silva (2005) lança uma luz sobre o que
aqui está sendo entendido como intervenção do Estado. O autor informa que a
intervenção é a execução de políticas públicas no sentido de corrigir distorções de
indicadores sociais, ou seja, essa primeira compreensão de intervenção estatal não se
aplica conceitualmente à nossa pesquisa, uma vez que implica diretamente no uso de
recursos públicos em forma de políticas públicas.
A fim de entrar nesse tema, de forma como entendemos nesse trabalho, é preciso
iniciar a discussão pelos monetaristas, como Milton Friedman e pela escola da escolha
pública de James Buchanan, que desenvolveram modelos teóricos para justificar o
perfeito funcionamento das forças do livre mercado e diminuir o papel do governo na
economia. Essa literatura nos leva a Smith (1983) (primeira publicação foi em 1776),
que argumenta que o produto nacional de um país e o bem-estar da sociedade será
melhor manejado quando cada indivíduo for livre para escolher a forma e a alocação de
seu próprio capital. Basta dizer que Adam Smith (1983) estabelece uma superioridade
dos mercados competitivos sobre qualquer modelo de regulação ao livre comportamento
econômico, ou seja, menos regulação, menos intervenção só traria melhor saúde social e
econômica aos países.
Mas mercados livres são infalíveis? Stiglitz (1993) identificou algumas falhas do
mercado financeiro, em países em desenvolvimento e desenvolvidos. No primeiro
grupo, os mercados não funcionam bem. O mesmo acontece nos países desenvolvidos
em relação aos chamados mercados de capitais, em função da assimetria de informação,
uma vez que a informação jamais é perfeita, o mesmo acontece com mercados que
jamais serão completos. Diante disso, a intervenção dos governos funcionaria para
desenvolver a infraestrutura institucional necessária para adotar as políticas capazes de
promover para o bem-estar social. Monopólios financeiros, mercados incompletos,
assimetrias de informação é tida como a causa do fracasso dos mercados para atingir a
eficiência alocativa na economia, para obter o resultado ideal. Aqui se justificaria a
presença do Estado como agente corretor de falhas e distorções, afim de garantir direitos
básicos e justiça social. Mas Stiglitz (1993) chama atenção para o fato de que a
intervenção deve ser em forma de tributação, regulamentação e subsídios.
Ainda nessa corrente intervencionista, Keynes (1983) também defendeu a
intervenção dos governos em duas condições principais. A primeira é para oferecer um
16

ambiente onde investidores econômicos possam atuar, ou seja, intervir o mínimo para
criar um cenário onde a livre concorrência possa ser realizar. A segunda condição é para
corrigir as falhas do próprio sistema capitalista a fim de evitar sua degradação. Nesse
sentido, a intervenção em Keynes está longe de ser um controle absoluto do Estado
sobre o comportamento econômico instituído legislação cada vez mais restritiva. Até
aqui a intervenção do Estado tem disso pensada para produzir resultados mais
desejáveis à sociedade, onde governos que não deveriam intervir, mesmo assim faz. Ou
seja, o Estado tem um função a desenvolver na estabilidade da sua economia doméstica.
Mas essa corrente teórica a respeito de Estado e economia não é unânime.
Segundo Omar (2001), já pelo menos três escolas econômicas que apenas divergem da
corrente que um governo interventor na economia traria estabilidade e correção
necessária ao sistema, elas atacam frontalmente esse tipo de pensamento. São elas:
monetarismo, expectativa racional e escolha pública. Juntas elas formam a corrente de
pensamento mais difundida como neoliberalismo, cujo ponto central comum é a defesa
de que o livre mercado é a força capaz de permitir o desenvolvimento das sociedades.
Pereira (1992) diz que o que contribuiu para a consolidação dessas escolas foi o fracasso
político e econômico das experiências socialistas, as crescentes dívidas públicas de
países em desenvolvimento e industrializadas que optaram por intervir demais no
comportamento econômico.
O primeiro autor que merece destaque é Friedman (1968), que em defesa do
monetarismo afirmou que o livre mercado é o meio para organizar recursos em
detrimento às falhas do governo em tentar, por exemplo, controlar a inflação. Mais
especificamente, a política monetária é o principal instrumento da política econômica,
onde a intervenção do Estado na economia através da política fiscal não tem efeito
positiva sobre a economia, muito pelo contrário, só faz aumentar a dívida publica.
(FRIEDMAN, 1963).
Por sua vez, a escola de expectativa racional pode ser entendida como a
continuação do monetarismo, só que mais radical. A saber, qualquer que seja a política
econômica promovida por um governo, preocupada em promover alocação de recursos
para melhor distribuir renda ou assegurar bem-estar social ampliado ou restrito a grupos
menos favorecidos, não será capaz de produzir efeitos positivos em prazo algum.
Segundo Lucas (1972; 1973), um dos expoentes dessa corrente de pensamento, o Estado
17

deve se abster ativamente de tentar produzir políticas econômicas, porque os resultados
tem sido sempre indesejados. Essas afirmações foram reafirmadas em seguida por
Sargente e Wallace (1975; 1976), no que passou a ser conhecido como a “proposição da
ineficácia da política econômica”, cuja lógica seria: agentes racionais incorporariam a
política econômica ao formarem suas expectativas, se antecipando aos seus efeitos. Este
movimento tornaria inalterados os elementos da economia, como emprego e produto,
anulando as intenções do governo.
A escola da escolha pública estabeleceu crítica ao processo de decisão política
que envolvesse questões econômicas em regimes democráticos. A perspectiva de que
agentes públicos agem na promoção do bem comum não tem conexão com o mundo
real, a realidade é diferente desse “modelo romântico” (BUCHANAN, 1884). Assim,
indivíduos agiriam em nome da maximização de ganhos individuais, não agindo
diferente disso em processos políticos. Essa lógica diz que a intervenção do Estado
contribui de forma ineficiente na alocação de recursos para a melhorar a situação sociais
dos indivíduos. A intervenção do Estado tem distorcido e limitado o bem-estar
econômico da sociedade (BUCHANAN, TOLIISON, TULLOCK, 1980), mesmo que
seus representantes tenham boas intenções, os resultados tem sido um comportamento
de ação em nome de interesses privados (BUCHANAN e TULLOCK, 1962; PINCUS,
1975; TULLOCK, 1967; POSNER, 1971; MCCHESNEY, 1997).
Nessa escolha não há uma rejeição às possibilidades de falhas do mercado,
muito pelo contrário, se reconhece esse problema, mas elas são insignificantes em
relação as falhas governo (BUCHANAN, TOLIISON, TULLOCK, 1980; BORGES,
2001). Em resumo, essas falhas podem ser traduzidas, essencialmente, na formação de
grupos de interesse entre os políticos afim de controlar a alocação de recursos
econômicos. A corrupção dentro da máquina pública surge como da intervenção do
Estado. Por fim, a decisão político-econômica é feita por políticos sem competências
necessárias ou conhecimento em assuntos econômicos. A recomendação de Martinussen
(1997) como solução para esses problemas é muito clara: abolir a intervenção do Estado
no mecanismo de mercado, liberalizar o comércio internacional e reduzir o tamanho do
setor público.
Fukuyama (2013) tende a relacionar a intervenção do Estado ao seu tamanho, ou
o que ele chama de escopo. Um Estado com escopo grande é aquele desempenha uma
18

grande quantidade de funções, possui muitas instituições sob a responsabilidade direta
de gestão. Esse modelo de estado tem, consequentemente, uma atuação muito grande
sobre as tomadas de decisões que dizem respeito à sua economia doméstica. Não apenas
o escopo implica em funções de gestão, grande número de funcionários públicos,
estatais de devem ser gerenciadas pela máquina pública, mas implica em intervenção
direta na economia.
Apresentamos até aqui uma argumentação em torno da intervenção estatal e suas
externalidades segunda a literatura. Ainda que hajam, e eles existem, teóricos
defensores da mão do Estado sobre a economia. Que este Estado/Governo deveria
produzir não apenas regulação, mas atuar de forma o mais abrangente possível sobre a
vida econômica dos investidores ou ele mesmo ser um investidor, agente maximizador
de lucros econômicos no mercado. Não negamos essa literatura, apenas não entramos no
mérito da discussão, visto que essa pesquisa está fundamentada no que tentamos melhor
apresentar, na ideia de a intervenção do Estado tende a produzir externalidades
negativas. Optamos por esse caminho porque esse marco teórico define nossas escolhas
metodológicas (questão de pesquisa e hipóteses de trabalho). Após tentativa de
compreender o conceito de intervenção do Estado sobre a economia e defendido nossas
escolhas teóricas, resta agora uma fundamental questão, a nossa questão de pesquisa:
intervenção econômica do Estado tem efeito sobre percepção de corrupção?
Nossa resposta começa com Stigler (1971), que afirma que o Estado conta com a
prerrogativa do poder de coação, determinando a movimentação de recursos e decisões
econômicas em diferentes níveis. O autor está apontando para o comportamento da
teoria de rent-seeking, que segundo Krueger,

em muitas economias orientadas para o mercado, as restrições
governamentais sobre a atividade econômica são fatos comuns
da vida. Essas restrições criam rendas de formas variadas, e as
pessoas geralmente competem por rendas. Algumas vezes, essa
competição é perfeitamente legal. Em outras instâncias, rentseeking toma formas diferentes, como propina, corrupção,
contrabando e mercado negro (1974: 291).
Esse tipo de comportamento só pode ser possível em cenários onde o Estado tem
o poder de intervir politicamente em questões sobre economia. Appelbaum e Katz

19

(1987) afirmam que os próprios reguladores (políticos) podem se engajar em práticas
maximizadoras e oportunistas.

Por sua vez, Alonso e Garcimartín (2011) analisam variáveis como instabilidade
política e indicadores sociais como proxy para o potencial de corrupção em um país. De
acordo com Power e Gonzales (2003), a corrupção tem sido registrada tanto em países
que estão fazendo transição para modelos democráticos, quanto para países de tradição
econômica liberal e democraticamente consolidada. Ndiaye (1998) argumenta que
nenhum país do mundo é poupado dos efeitos negativos da corrução.
Por sua vez, Klitgaard (1988, 1998) defende que a corrupção é mais endêmica
em países pobres, não democráticos e politicamente voláteis. Segundo Treisman (1999),
qualidade institucional, desenvolvimento econômico, estrutura do governo e variáveis
como renda per capta devem ser levadas em consideração em estudos comparados
sobre percepção de corrupção. Para Krueger (1980) e Bates (1990), a corrupção tende a
aumentar com a intervenção do Estado na economia. Geddes e Ribeiro Neto (2000)
seguem nessa mesma linha quando afirmam que a intervenção estatal, com
regulamentação

de

subsídios,

torna

empresários

dependentes

de

decisões

administrativas e políticas do Estado, maximizando os interesses privados em intervir
em questões públicas, abrindo espaço para se operar por meios corruptos. Mauro (1997)
sistematiza uma lista de causas da corrupção, onde o maior número delas diz respeito a
fatores econômicos ligados às decisões e/ou funções do Estado. O debate a respeito
desse tema é extenso, mas defendemos aqui que o nível de intervenção econômica
exerce um efeito explicativo sobre as percepções de corrupção.
A literatura sobre as externalidades da prática corrupção é bastante extensa.
Hirschman (1983) apresenta uma argumentação em torno de aspectos sociopsicológicos
para explicar o envolvimento dos indivíduos tanto na esfera pública como na privada,
cujo comportamento corrupto está relacionado à falta de ativismo político. Além disso,
uma sociedade com práticas veladas de corrupção tende a justificar o comportamento
também corrupto de seus cidadãos.
Do ponto de vista mais prático e afim de usar exemplos de iniciativas com uso
de survey com foco em questões sociais, os indicadores do Freedom House3 e do

3

https://freedomhouse.org/

20

Political Risk Services4 são dados produzidos a partir de questionários com
especialistas. Os indicadores utilizados pelo Banco Mundial constituem exemplos de
dados produzidos a partir de questionários aplicados a indivíduos e empresas. A
organização não-governamental Transparência Internacional produz anualmente o
Índice de Percepção de Corrupção 5, com o objetivo de influenciar a elaboração de
políticas públicas e boas práticas de combate à corrupção no mundo. De forma similar,
o World Values Surveys6 afere opiniões no nível mundial acerca da percepção sobre
diversos temas, entre eles, corrupção e capital social.
Na

tentativa

de

mensurar

as

causas

da

percepção

de

corrupção

(TRANSPARECY INTERNATIONAL, 2013) na América Latina, Moraes, Santos e
Torrecillas (2014) correlacionaram com nível de confiança nos parlamentos e partidos
políticos, e os resultados foram inconclusivos. Fraiha (2014) ao lidar com o tema
percepção de corrupção, tenta encontrar variação do indicador em função da mudança
dos padrões de exposição aos meios de comunicação, comportamento político e
variáveis sociodemográficas. Mais especificamente sobre o Índice de Percepção de
Corrupção da Transparency International, Fontana faz um esforço em resumir e
explicar de forma mais didática a metodologia de construção do indicador e a origem
dos dados.
Se de um lado, acadêmicos demandam esforços para descrever e explicar o
fenômeno da corrupção, correlacionando-o com diferentes variáveis (gênero, religião,
economia, cultura etc.), do outro lado, instituições independentes se esforçam em
combater a corrupção e entender como cidadãos percebem esse fenômeno.
Sumariamente, estudos sobre corrupção figuram nas mais diversas agendas de pesquisa
e atuação tanto na academia, quanto em órgãos de controle dos Estados e iniciativas
independentes.
Essa breve contextualização por si só justifica a necessidade de uma pesquisa
sobre o tema. Além disso, nossa pesquisa se justifica ainda pela capacidade em
sistematizar um conjunto de dados no nível mundial afim de construir informações
válidas para explicar as causas da percepção da corrupção. Com o objetivo em enumerar
mais especificamente nossa justificativa, primeiramente, essa pesquisa apresenta uma

4

https://www.prsgroup.com/
http://www.transparency.org/news/feature/corruption_perceptions_index_2016?gclid=CL27x64yNMCFQOAkQod8FAAKA
6
http://www.worldvaluessurvey.org/wvs.jsp
5

21

contribuição original sobre o tema. Ainda que diferentes pesquisadores e agências
tenham estudado o assunto, não há pesquisa que correlacione a percepção de corrupção
com intervenção do Estado sobre a economia. Em segundo lugar, defendemos a
necessidade cada vez maior de estudos acadêmicos sobre o fenômeno da corrupção em
nível comparado que possam oferecer uma dimensão comparativa para o fenômeno,
superando observações paroquiais. Por fim, esta pesquisa tem o potencial de oferecer
explicação sobre o desenho institucional do Estado na percepção sobre corrupção.
De acordo com Gehlbach (2009), os estudos comparativos utilizam dois
principais tipos de dados: surveys no nível individual e/ou de empresas e surveys com
especialistas. Os indicadores mais amplamente utilizados nessa categoria de pesquisa
são os produzidos pela Transparência Internacional e pelo Banco Mundial.
De uma maneira geral, a literatura sobre corrupção é vasta. Ela vai desde
trabalhos com forte viés normativo, passando por estudos de caso, trabalhos em
perspectiva comparada e diagnósticos realizados por agências internacionais. Ao se
considerar a clivagem por disciplinas, tem-se estudos em Direito, Sociologia, Economia
e Ciência Política em distintas subáreas. o presente trabalho de conclusão de curso lida
especificamente com estudos sobre percepção de corrupção em nível comparado
(SCOTT, 1972; INGLEHART, 1977, 1988, 1990, 2000; NORRIS, 1999; ROSEACKERMAN, 1999; DIAMOND, 1999; HELLMAN, JONES & KAUFMANN, 2000;
JOHNSTON, 2000; TREISMAN, 1999, 2000; SELIGSON, 2002; JACMAN e
MONTINOLA, 2002; POWER e GONZALES, 2003). O principal objetivo dessa
literatura é estimar a percepção da corrupção testando diferentes variáveis explicativas.

22

3. Procedimentos Metodológicos

A maior corrupção se acha onde a
maior pobreza está ao lado da maior
riqueza.
José Bonifácio

Essa seção apresenta os procedimentos metodológicos adotados nessa pesquisa,
ou seja, a forma como foram coletados os dados, definidas a técnicas de análises, bem
como faz a explicitação do desenho de pesquisa. Além disso, apresentaremos nossas
principais limitações metodológicas para o melhor desenvolvimento dessa pesquisa.
Nosso foco é garantir que esta pesquisa produza resultados replicáveis (KING, 1995),
por isso optamos por descrever todas as etapas de como ela foi desenvolvida
(FIGUEIREDO FILHO et al., 2013).

3.1 Explicitação do desenho de pesquisa
Kellstedt e Whitten (2013) afirmam que o desenho de pesquisa é o plano de
trabalho que descreve os principais elementos da investigação afim de garantir a
obtenção de evidências. Para satisfazer esses critérios, o quadro abaixo resume as
características principais do desenho de pesquisa: questão de pesquisa, objetivos geral,
principais técnicas estatísticas adotadas e origem dos dados.
Quadro 1 - Desenho de Pesquisa
Questão de Pesquisa

Quais os efeitos da intervenção econômica do Estado sobre a
percepção de corrupção no mundo?

Objetivo Geral

Analisar os efeitos da intervenção estatal sobre indicadores de
economia dos países sobre a percepção de corrupção no mundo.

Hipótese

Quanto maior o nível de intervenção econômica, maior é a percepção
de corrupção.

Unidade de Análise
Técnica
Origem dos dados

País
Estatística descritiva e multivariada
Quality of Government (QOG), Transparency International (TI),
World Values Surveys (WVS), Freedon House, Quality of Democracy
Index (The Economist) e Haritage Foundation.

Fonte: Elaboração do autor (2018).

23

De forma suplementar, os objetivos específicos dessa pesquisa são:
(1) Sistematizar uma base única de dados a partir dos bancos Quality of
Government (QOG), Business Environment and Enterprise Performance
Survey (BEETS), International Transparency (IT) e Freedon House;
(2) Criar uma dimensão de escopo do tamanho do Estado;
(3) Analisar o efeito de variáveis controle (democracia política, rule of law,
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), cultura política e quantidade de
mulheres no parlamento) sobre a percepção de corrupção.

3.2 Opções técnicas para produção de resultados
Estatística descritiva. E aqui utilizada para a testes preliminares dos dados, afim
de encontrar outliers que pudessem ser extraídos da base de dados. Além disso, os
resultados que informam sobre as unidades de análise e objeto de estudo serão
descriminados com essa técnica, ou seja, a primeira parte da apresentação dos resultados
comentados será realizada de forma descritiva afim de situar o leitor sobre o objeto de
estudo e fornecer as informações preliminares comparadas sobre as variáveis aqui
utilizadas.
Regressão Multivariada. Empregada para testar o efeito da intervenção
econômica do Estado sobre a percepção de corrupção simultaneamente com uso de
outras variáveis de controle como: democracia política, rule of law, Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), cultura política e quantidade de mulheres no
parlamento.

3.3 Coleta e sistematização da base de dados
Toda a coleta de dados foi realizada em repositórios públicos. Essa tarefa
consistiu em localizar a base de dados, “baixar” e proceder com análises preliminares de
cada banco de dados separadamente.
Em seguida realizamos a tarefa de juntar (mesclar) esses bancos de dados em
uma única base. Essa tarefa foi realizada com auxílio do software livre R 7. A unificação
dos dados permitiu a operacionalização das análises preliminares, correções de erros
sistemáticos (data cleaning) e testes exploratórios.

7

Leitores interessados podem acessar: https://www.r-project.org/

24

Por fim, disponibilizamos publicamente nossa bases de dados8 consolidada, bem
como as rotinas computacionais, afim de assegurar que pesquisadores interessados em
refutar ou replicar nossos achados tenham total possibilidade de fazê-lo.

3.4 Ressalva metodológica
Inicialmente o projeto previa a construção de um indicador de Escopo do Estado
que comportasse um número maior de variáveis econômicas. Essa tarefa ainda está em
desenvolvimento e deverá integrar resultados de futuras pesquisas. Para essa versão
optamos por trabalhar com uma proposta de indicador de que aqui chamamos de Escopo
do Estado (Gastos Públicos, Carga Tributária e Saúde Fiscal) (HERITAGE
FOUNDATION, 2018). Esse indicador foi construído a partir da média aritmética
simples das variáveis.
Afim de comprovar o nível de agregação entre essas variáveis propostas,
realizamos um teste de Análise Fatorial (AF) e os resultados indicaram que a variável
Saúde Fiscal tem 0,182 de comunalidade, indicando que deveria ficar de fora do
modelo. Nossa opção metodológica foi considerar as variáveis Gastos Públicos e Carga
Tributária, para um indicador executado com média aritmética simples.

8

http://www.gcpp.com.br/

25

4. Análise dos Resultados

Corrupção, a partir de certo nível, exige que todos sejam corruptos.
Quem se recusa é alvo de pressões insustentáveis.
É um processo de seleção negativo.
Ladislau Dowbor

Nessa seção apresentamos os nossos principais achados da pesquisa. A estratégia
aqui é expormos inicialmente os gráficos que representam as variáveis (VI: Escopo do
Estado; VD: Percepção de Corrupção). Além disso analisaremos a estatística descritiva
referente a essas dimensões. Em seguida faremos uma discussão sobre a correlação
entre entre Escopo do Estado e Percepção de Corrupção através da técnica de
Correlação de Pearson. Caso haja correlação positiva e significativa entre as duas, é
porque sempre que temos um Estado com maior escopo no sentido de gastos públicos,
também teremos maior percepção de corrupção, o que nos leva à nossa hipótese
alternativa (quanto menor o escopo do Estado, menor a percepção de corrupção). Para
testarmos a hipótese do efeito do escopo do Estado sobre percepção de corrupção
usaremos um modelo de regressão multivariado, com auxílio de variáveis de controle.
Vale ressaltar que trabalhamos com uma base de dados que conta com 189 países.

4.1 Estatística descritiva
Os primeiros resultados dizem respeito à variável Escopo do Estado. A tabela
abaixo apresenta os dados da estatística descritiva dessa variável.
Tabela 1 - Estatística descritiva do Escopo do Estado
N

Mínimo Máximo Mediana Média

179
21,47
93,81
73,5
Fonte: Elaboração do autor (2018).

70,05

Desvio
16,07

Essa dimensão varia de zero a 100, onde Estados com valores menores
representam estados com menor Escopo e o contrário é verdadeiro. A média é 70,05
com um desvio padrão de 16,07. O Turcomenistão apresentou o maior valor (93,81), ou

26

seja, possui o maior Escopo de Estado, enquanto a Dinamarca apresentou o menor valor
(21,47)9. O histograma abaixo ilustra a distribuição dessa variável.

Gráfico 1 - Histograma da variável Escopo do Estado

Fonte: Elaboração do autor a partir de Heritage Foundation (2017).
O histograma mostra uma concentração de casos (países) em torno do escore 80.
Em termos técnico os dados são assimétricos à esquerda, isso quer dizer que a maioria
dos países apresentou um valor comparativamente alto para essa dimensão analítica.
Uma forma de visualizar melhor essa informação com o auxílio do gráfico de barras,
com todos os países.
Gráfico 2 - Escopo do Estado (2017)

Fonte: Elaboração do autor a partir de Heritage Foundation (2017).
9

Os países Coreia do Norte, Iraque, Yemen, Granada, Laos, Miamar, Slováquia, Sudão do Sul, Somália e
Síria constam na base dados dados, mas não possuem valores para a construção desse indicador.

27

Esse gráfico mostra os países em função do seu escopo, cuja linha pontilhada
representa a média. De forma mais direta, as informações aqui só complementam os
resultados do histograma e da estatística descritiva, com a vantagem de que é possível
visualizar a posição do país10. A próxima dimensão a ser analisada é a Liberdade
Econômica, que é um indicador composto por seis outras variáveis: Liberdade Fiscal,
Gastos do Governo, Liberdade de Trabalho, Liberdade Comercial, Liberdade de
Investimento e Liberdade Comercial11. A tabela abaixo resume as medidas descritivas
sobre essa variável.
Tabela 2 - Estatística descritiva da Liberdade Econômica12 (2017)
N

Mínimo Máximo Mediana Média

Desvio

178
0,8
90,4
64,85
63,44
10,33
Fonte: Elaboração do autor a partir de Heritage Foundation (2017).
Essa dimensão varia de zero a 100, onde Estados com valores menores
representam estados com menor liberdade econômica e valores maiores uma economia
mais aberta. A Média é 63,44 com um desvio padrão de 10,33. A Corea do Norte
apresentou o menor valor (0,8), ou seja, possui a menor liberdade economica, enquanto
hong Kong apresentou o maior valor (90,4).
O histograma abaixo descreve o comportamento de dispersão da variável em
torno da média.

10

Informação detalhada com todos os países só é melhor visualizada em uma tabela completa ou
diretamente na base de dados. Para efeito de apresentação de resultados optamos por produzir um
gráfico que não comprometesse a diagramação desse documento.
11
Conceitos das variáveis e metodologia para a construção do indicador pode ser conferido em
https://www.heritage.org/index/pdf/2016/book/methodology.pdf
12
Afeganistã, Grenada, Iraque, Líbia, Myanmar, Eslováquia, Somália, Sudão do Sul, Síria e Yemen não
possuem valores mensuração dessa dimensão analística.

28

Gráfico 3 - Liberdade Econômica (2017)

Fonte: Elaboração do autor a partir de Heritage Foundation (2017).
Percebe-se uma concentração mais ao lado direito da distribuição dos casos. A
dimensão Liberdade Econômica implica em dizer que o mercado é mais livre para atuar
e esse conceito está diretamente ligado à nossa hipótese de trabalho, de que quanto
menos a interferência do Estado em questões econômicas, tanto menor a sensação da
população de que há corrupção ocorrendo nos órgãos públicos. Aqui a concentração
está abaixo de 75,0 ponto, de uma dimensão que varia de 0 a 100 (quanto menor o valor
referente ao país, tanto menor a sua liberdade econômica).

Gráfico 4 - Liberdade Econômica (2017)

Fonte: Elaboração do autor a partir de Heritage Foundation (2017).
29

Os países com menor liberdade econômica são Coreia do Norte (0,80), Cuba
(26,10), Venezuela (39,10) e Zimbábue (39,10). Hong Kong está no oposto, na posição
de Estado com o mais elevado nível de liberdade econômica (90,40). A seguir adotamos
estratégia semelhante para descrever a variável percepção de corrupção. A tabela
abaixo resume a sua estatística descritiva.
Tabela 3 - Estatística descritiva da Percepção de Corrupção (2017)13
N

Mínimo Máximo Mediana Média

Desvio

179
11,0
91,0
61,0
56,8
19,03
Fonte: Elaboração do autor a partir de Transparency International
(2017).
A percepção de corrupção varia com números inteiros, o que faz o indicador se
assemelhar a um ranking, mas é apenas uma impressão. Os valores mais altos indicam
maior percepção e os mais baixos indicam o contrário. A média é de 65,8 com um
desvio padrão de 19,03. O valor mínimo é 11 e o mais elevado é 91. O histograma
abaixo ilustra a distribuição dessa variável.

Gráfico 5 - Histograma da variável percepção de corrupção

Fonte: Elaboração do autor a partir de Transparency International
(2017).

13

Não há informação sobre essa dimensão para Congo, Burna, Macau, Tonga, Fiji, Belize, Ilhas Samoa,
República da Eslováquia, Micronésia e Kiribati.

30

O histograma mostra uma concentração de casos (países) entre os escores 50 e
75. Em termos técnicos os dados são assimétricos à esquerda, isso quer dizer que a
maior parte dos países apresentou um valor comparativamente alto para percepção de
corrupção. Uma forma de visualizar melhor essa informação é com o auxílio do gráfico
de barras, com todos os países.
O gráfico abaixo ilustra a disposição dos países em relação à dimensão
percepção de corrupção.

Gráfico 6 -Percepção de Corrupção (2017)

Fonte: Elaboração do autor a partir de Transparency International (2017).
A maior percepção de corrupção está na Somália (91,0) e o país com o menor
escore é Nova Zelândia (11,0). A linha tracejada representa a média. Percebe-se que a
maioria dos países estão acima da média. Por exemplo, o Brasil tem 63,0 pontos nessa
escala, integrando o grupo acima da média.

4.2 Cruzamento de dimensões analíticas
A estratégia nessa subseção é cruzar as dimensões previamente descrita afim de
encontrar correlações entre elas. Caso haja correlações, implica em dizer que, é
provável que o comportamento de uma dimensão está correlacionado com o
comportamento da outra. Em termos mais práticos, esperamos que haja correlação
positiva e significativa entre Escopo do Estado e Percepção de Corrupção e que
31

também ocorra correlação negativa e significativa entre Liberdade Econômica e
Percepção de Corrupção. Havendo correlação, é provável que essas duas dimensões
estejam explicando o comportamento de como as pessoas em seus países percebem a
corrupção ligada a instituições públicas. Abaixo apresentamos a correlação de Pearson
(r).

Tabela 4 - Correlação de Pearson (r) entre Escopo do Estado x Percepção de
Corrupção
r
0,386

t
5,424

df
200

p-valor
0,000

A correlação foi positiva e moderada (r=0,386) e significativa (p-valor<0,000), o
que dizer que nossa expectativa em relação aos fenômenos analisados está se
cumprindo. O gráfico abaixo ilustra melhor essa distribuição das duas dimensões.

Gráfico 7 - Escopo do Estado x Percepção de Corrupção

Fonte: Elaboração do autor (2018).
A linha do eixo x (Escopo do Estado) representa a variável independente, ou
seja, a variável que tenta explicar a percepção de corrupção. O que se espera em um
gráfico de dispersão é que quando mais alinhado em forma de uma reta estiverem os
pontos, maior a sua correlação. No nosso caso, a nossa correlação foi moderada e, por
isso, a sensação de reta não é tão perceptível. A seguir, repetiremos o processo com a
dimensão Liberdade Econômica, mantendo a percepção de corrupção.
32

Tabela 5 - Correlação de Pearson (r) entre Liberdade Econômica x Percepção de
Corrupção
r

t

df

p-valor

-0.419

-5.95

200

0.000

A correlação foi negativa e moderada (r= -0,419) e significativa (p-valor<0,000),
o que quer dizer que a relacão esta na direção esperada pela hipótese. O gráfico abaixo
ilustra melhor essa distribuição.

Gráfico 8 - Escopo do Estado x Percepção de Corrupção

Fonte: Elaboração do autor (2018).

O gráfico apresenta uma corelação negativa. O que significa dizer que valores
altos de liberdade econômica estão associados a valores baixos de percepção de
corrupção.
Tabela 6 - Correlação de Pearson (r) entre Liberdade Econômica x Escopo do
Estado
r

t

df

p-value

0.452

6.7

200

0.000

33

O teste indica uma corelação positiva e moderada (r=0.452) entre liberdade
econômica e Escopo do Estado e que essa correlação é significativa (p=0.000). O
gráfico abaixo representa essa relação.
Gráfico 9 - Liberdade Econômica x Escopo do Estado

O gráfico índica que países com economias mais abertas apresentam menor
escopo do Estado. Em conjunto esses resultados parece indicarem que os níveis de
corrupção dos países analisados são em certa medida dependentes do tamanho do
Estado e de sua liberdade econômica. Os próximos testes avaliam o relacionamento
conjunto entre todas essas variáveis.

4.3 Testando a hipótese
A tabela abaixo apresenta quatro modelos de regressão linear mobilizando um
conjunto de variáveis para explicar a percepção de corrupção. No primeiro modelo
inserimos as variáveis mais importantes para nosso trabalho que lida com o escopo do
estado e liberdade econômica dos países. No segundo modelo adicionamos variáveis
para controlar a qualidade do regime político usando o índice de democracia política e
de estado de direito do Freedom House. No terceiro modelo inserimos o índice de
desenvolvimento humano e renda per capita do Banco mundial, mas disponíveis no
QOG. No último modelo inserimos o índice de Cultura Política da Transparência
Internacional e o percentual de mulheres no parlamento do QOG para controlar por
fatores relacionados ao capital social dos países. Em conjunto queremos observar se o
efeito do tamanho do estado continua na direção e com a significância esperada mesmo
quando controlado por variáveis tradicionais.
34

Tabela 7 - Modelo de regressão multivariada
Dependent variable:
corrupcao
(1)

(2)

(3)

(4)

Liberdade Econômica

-1,310***
(0,100)

-0,710***
(0,114)

-0,392***
(0,138)

-0,372***
(0,136)

Escopo Estado

0,834***
(0,065)

0,393***
(0,075)

0,191**
(0,087)

0,163*
(0,089)

Democracia Política

-2,920***
(0,636)

-2,230***
(0,711)

-1,860***
(0,703)

Rule of law fh

-4,280***
(0,565)

-3,760***
(0,619)

-2,910***
(0,657)

-0,305***

-0,274***

(0,069)

(0,069)

0,065

0,058

(0,101)

(0,105)

Desenvolvimento
Humano

Desigualdade de
Renda

Cultura Política TE

-2,630***
(0,782)

Mulheres Parlamento
qoq

-0,050
(0,076)

Constant

Observations
R2
Adjusted R2
Residual Std. Error
F Statistic

80,700***
(5,990)

128,000***
(10,700)

132,000***
(14,400)

137,000***
(14,500)

167
156
118
109
0,589
0,734
0,778
0,804
0,584
0,727
0,766
0,789
12,000 (df = 9,730 (df = 151) 8,670 (df = 8,310 (df = 100)
164)
111)
***
***
118,000 (df = 104,000 (df = 64,800*** (df = 51,400*** (df =
2; 164)
4; 151)
6; 111)
8; 100)

35

Note: *p<0,1; **p<0,05; ***p<0,01

Usamos a liberdade econômica e escopo do estado como indicadores do
tamanho do estado de forma geral, países com alta intervenção na economia e uso da
máquina estatal. O modelo 1 indica que o efeito da liberdade econômica é negativo (1,310) e significativo (p<0,01) sobre a percepção de corrupção. Isso significa que
esperamos uma redução de -1,310 para cada unidade de aumento na liberdade
econômica. Por outro lado, é esperado um aumento de 0,834 na percepção de corrupção
para cada aumento no escopo do estado (p<0,01). Em sentidos diferentes o resultado
segue o esperado teoricamente, maior intervenção do estado na economia para indicar
maior percepção de corrupção.
Esses resultados são o efeito direto dessas variáveis sobre a corrupção. No
modelo seguinte adicionamos controles relacionados ao regime político e sua qualidade.
É esperado uma redução de 2,920 na percepção de corrupção para cada unidade de
aumento no nível de democracia do país. Por sua vez, espera-se uma redução de 4,280
para cada nível de rule of law do país. Em conjunto, essas variáveis indicam não só que
democracias importam para redução da corrupção, mas também leva em conta a
qualidade da democracia indicando que quanto melhor, menor a corrupção percebida.
Ao controlar por essas variáveis o efeito da liberdade econômica e do escopo do estado
reduziu de tamanho, mas continuaram significativas.
No modelo 3 adicionamos variáveis para controlarmos as relações com
indicadores de qualidade de vida. Observamos que o IDH tem efeito negativo (-0,305) e
significativo (p<0,01) sobre a percepção de corrupção. Por outro lado, desigualdade de
renda apresentou efeito positivo como esperado porém sem significância estatística. Ao
que parece corrupção não é função somente de desigualdade de renda, antes depende
outros fatores como mostra o IDH. Países com maior desenvolvimento humano
apresentam taxas de percepção de corrupção menores. Novamente, observamos mais
uma redução do efeito do escopo do estado (0,191) e da liberdade econômica (-0,392)
mantendo o mesmo sinal e significância estatística.
No que se refere ao ajuste do modelo, observamos uma melhora considerável do
R² ajustado entre o primeiro e segundo modelo (0,584 e 0,727 respectivamente). Nos
modelos seguintes, apenas melhoras de menor magnitude. Observamos redução do N
uma vez que possuímos menos informações para todas variáveis inseridas.
36

Finalmente, o modelo 4 conta com a adição de variáveis de capital social em
conjunto com as demais. A cada unidade de aumento na cultura política do país espera
uma redução de -2,630 na percepção de corrupção. Por sua vez a variável de mulheres
no parlamento apresentou sinal negativo como esperado, mas não apresentou
significância estatística. Este último modelo é o que possui maior ajuste (R² ajustado de
0,789). O incremento de variáveis culturais não afetou da mesma maneira nossas
variáveis de interesse indicando maior confiabilidade dos coeficientes estimados. O
efeito da liberdade econômica sobre a percepção de corrupção ficou em -0,372 e do
escopo de estado em 0,163.
Em resumo os quatro modelos está de acordo com os achados recentes da
literatura. A qualidade do regime, o desenvolvimento humano e a cultura política dos
países importam significativamente para explicar a corrupção. Por sua vez, não
encontramos significância para desigualdade de renda e participação de mulheres no
parlamento. O objetivo desse trabalho foi testar o efeito de duas novas variáveis que
tentam mensurar o grau de intervenção do estado na economia e o tamanho do estado.
Observamos que quanto mais livre é a economia de uma país menores as taxas de
percepção de corrupção. Por sua vez, quanto maior o escopo do estado maior a
percepção de corrupção. Esses resultados foram significativos mesmo controlando por
um conjunto de variáveis que demonstrando seu papel reduziram o efeito do escopo do
estado e da liberdade econômica, mas que não reduziram sua significância.

37

5. Considerações Finais

Quando os homens são puros,
as leis são desnecessárias.
Quando são corruptos,
as leis são inúteis.
Thomas Jefferson

A tentativa desde trabalho de pesquisa foi contribuir para a Ciência Política, em
particular, por meio de uma análise quantitativa sobre a complexidade do tema
intervenção econômica e percepção de corrupção, em mais de 170 países. Assumimos
aqui que a nossa variável dependente (percepção de corrupção) não é corrupção em si,
mas uma proxi explicativa. Nosso esforço central foi testa se existe ou não uma relação
de causalidade entre indicadores econômicos relacionados ao Estado e nossa variável
dependente.
Metodologicamente usamos diferentes fontes de bases secundárias e tratamos os
dados com estatística descritiva para mensurar o tamanho do Estado no que diz respeito
a gastos públicos, liberdade econômica. Os resultados preliminares já nos mostraram
que tanto o tamanho do Estado, quanto a intervenção econômica apresentaram
correlações moderadas quando cruzados com percepção de corrupção. Afim de testar se
essas correlações implicam em efeitos, realizamos uma análise multivariada, com
diferentes indicadores (Democracia Política, Rule of Law, Desenvolvimento Humano,
Desigualdade de Renda, Cultura Política e Percentual de Mulheres no Parlamento), cujo
modelo que agrega todas essas variáveis, mais Liberdade Econômica e Escopo do
Estado, explicativo de 78,9% do fenômeno percepção de corrupção.
Em resumo, rejeitamos nossa hipótese nula e corroboramos nossa hipótese
alternativa, ou seja, Estados “grandes” e que atuam no sentido de intervir mais em
questões econômicas, somado a variáveis de capital social e outras, tende a explicar a
percepção de corrupção de sua população em relação à esfera pública. Esperamos
contribuir para a Ciência Política em um tema tão atual

38

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