RELATÓRIO DE ENSINO - UM OLHAR SOBRE A EXPERIÊNCIA DOCENTE NO ENSINO DE SOCIOLOGIA DA ESCOLA ESTADUAL PROFESSORA BENEDITA DE CASTRO LIMA MACEIÓ/AL
DISCENTE: VIDNA AUGUSTA LEITE VASCO; ORIENTADORA: JORDÂNIA DE ARAÚJO SOUZA
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS - LICENCIATURA
Relatório de Ensino – Um olhar sobre a experiência docente no
ensino de Sociologia da Escola Estadual Professora Benedita de
Castro Lima Maceió/AL.
VIDNA AUGUSTA LEITE VASCO
MACEIÓ – AL
Outubro/2018
VIDNA AUGUSTA LEITE VASCO
Relatório de Ensino – Um olhar sobre a experiência docente no
ensino de Sociologia da Escola Estadual Professora Benedita de
Castro Lima Maceió/AL.
Trabalho de Conclusão de curso apresentado como
pré-requisito para a conclusão do Curso de Licenciatura em
Ciências Sociais do Instituto de Ciências Sociais – UFAL,
sob a orientação da Professora Dra. Jordânia Souza.
COMISSÃO EXAMINADORA
______________________________________
Prof. Drª. Jordânia de Araújo Souza
Universidade Federal de Alagoas
______________________________________
Prof. Dr. Welkson Pires da Silva
Universidade Federal de Alagoas
______________________________________
Prof. Dr. Júlio Cezar Gaudêncio da Silva
Universidade Federal de Alagoas
Maceió/AL
Outubro de 2018
Dedico este trabalho a minha querida mãe
Vera Lúcia Leite Vasco (in memoria), e a minha
amada filha Maria Louise.
AGRADECIMENTOS
A orientadora Professora Jordânia de Araújo Souza que entrou em minha trajetória
acadêmica em 2015, que com todo carinho e dedicação analisou minunciosamente os pontos
deste trabalho que precisavam ser ajustados, sendo de extrema importância para a finalização
desse TCC e de minha conclusão do curso.
A minha família pela compreensão e motivação de todos os dias, sem eles não seria
possível a conclusão do curso.
Aos amigos e colegas que estivaram do meu lado durante esta trajetória.
Aos membros da Escola Estadual Professora Benedita de Castro Lima, que me
receberam e colaboraram com minha pesquisa de campo.
Aos professores do curso de Ciências Sociais que com seus conhecimentos
contribuíram para que eu veja o mundo com uma visão diferente.
Aos técnicos em assuntos educacionais, Lelan Siqueira e Arielle Quirino, que
estavam sempre me incentivando e se colocando disponíveis para me auxiliar.
RESUMO
O presente trabalho recupera alguns elementos em torno do processo formativo por mim vivido
no curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Alagoas. Inicialmente apresento uma
breve digressão sobre as idas e vindas do ensino de sociologia no Brasil, ressaltando como se
deu sua inserção no estado de Alagoas, abordando também a criação do curso de formação de
professores de Ciências Sociais pela Universidade Federal de Alagoas. Considerando o
contexto mais atual, apresento, a partir de algumas leituras, como se deu o processo de
elaboração do Referencial Curricular da Educação Básica do Estado de Alagoas, no ano de
2014. Além de tais questões, o texto aborda o contexto do ensino de Sociologia na Escola
Estadual Professora Benedita de Castro Lima, tais questões são analisadas a partir de minha
vivência durante o período de formação no curso de licenciatura em Ciências Sociais, mais
especificamente a partir de minhas observações e inserções na escola através da realização de
meus estágios obrigatórios do curso de licenciatura, assim como das atividades práticas
desenvolvidas em disciplinas de Projetos Integradores. Através desse relatório apresento as
ações realizadas pela Escola visando o melhoramento tanto do ensino como do convívio com o
entorno da mesma. Nesse sentido, meu objetivo com o presente texto é partilhar e problematizar
questões em torno do processo de formação docente oferecido pelo Instituto de Ciências
Sociais da UFAL, tendo como referência a minha experiência.
Palavras-chave: Sociologia, Ensino médio, Estágio supervisionado.
Abstract
The present work recovers some elements around the formative process by me lived in the
course of Social Sciences of the Federal University of Alagoas. Initially I present a brief
digression about the comings and goings of the teaching of sociology in Brazil, highlighting
how it was inserted in the state of Alagoas, also addressing the creation of the course of training
of Social Sciences teachers by the Federal University of Alagoas. Considering the most current
context, I present, from some readings, how the process of elaborating the Basic Education
Curriculum Framework for the State of Alagoas occurred in the year 2014. In addition to these
questions, the text addresses the context of teaching Sociology at the State School Professor
Benedita de Castro Lima, these questions are analyzed from my experience during the training
course in the degree course in Social Sciences, more specifically from my observations and
insertions in the school through the realization of my mandatory internships of the licenciatura
course, as well as of the practical activities developed in disciplines of Integrative Projects.
Through this report I present the actions carried out by the School aiming at improving both
teaching and living with its surroundings. In this sense, my objective with the present text is to
share and problematize questions about the process of teacher training offered by the Institute
of Social Sciences of UFAL, based on my experience.
Keywords: Sociology, Secondary education, Supervised internship.
Lista de Quadros
Quadro 01 - Distribuição dos professores da E. E. Profª Benedita de C. Lima, por componente
curricular .................................................................................................................................. 09
Quadro 02 - Mudanças no currículo do Ensino Médio (lei 9.394/1996 - lei 13.425/2017).... 16
Quadro 03 - Conteúdos componente Sociologia..................................................................... 26
Quadro 04 - Conteúdos previstos para o Ensino Médio no RECEB/AL................................. 27
Sumário
Introdução ..........................................................................................................................08
1. O ensino de Sociologia: uma rápida digressão por suas idas e vindas no Brasil .........12
2. O ensino de Sociologia/Ciências Sociais em Alagoas .................................................18
2.1. As Ciências Sociais em Alagoas: uma breve reflexão ...................................18
2.2. O Referencial Curricular no estado de Alagoas .............................................23
3. Contexto da Escola Estadual Prof.ª Benedita de Castro Lima .....................................29
3.1. Aspectos estruturais .......................................................................................29
3.2. Objetivos políticos-pedagógicos da escola ....................................................35
3.3. Metodologia de ensino na escola ...................................................................38
4. Minha trajetória enquanto estudante em um curso de formação de professores ..........40
4.1. A experiência dos estágios: a observação ......................................................40
4.2. A experiência dos estágios: a regência ...........................................................44
Conclusão ...........................................................................................................................48
Referências Bibliográficas .................................................................................................51
Anexos ...............................................................................................................................53
Introdução
O presente relatório objetiva apresentar uma reflexão em torno dos resultados obtidos
com a minha formação em licenciatura em Ciências Sociais, pela Universidade Federal de
Alagoas, especialmente considerando as experiências vividas através dos Estágios
Supervisionados realizados nos anos de 2014, 2015 e 2016 com a pesquisa desenvolvida para
a disciplina de projetos integradores 3.
Assim, antes de mais nada, é importante destacar que a principal meta desse
componente curricular (o estágio supervisionado) é buscar mecanismos para atuação enquanto
docente na jornada da vida profissional, além de avaliar e mostrar as dinâmicas vividas nas
escolas públicas, elaborar uma percepção do campo, construir e planejar a execução de aulas,
citando e fazendo uso do material didático; permitindo ao estudante, em formação, o
desenvolvimento e execução de planos de aula, condução e regência, conforme for acordado
com o professor fazendo a utilização do plano de ensino elaborado em parceria e orientação
com o professor o qual acompanhei no campo de estágio.
O meu estágio supervisionado foi desenvolvido na Escola Estadual Professora
Benedita de Castro Lima, que funciona na R. Santa Rita, S/N, no bairro Clima Bom, em
Maceió. A referida escola iniciou suas atividades em 2003, o que faz dela uma jovem escola
com 15 anos de existência.
A referida escola está entre as de médio porte no Estado, no que diz respeito ao espaço
que ocupa. Quanto à sua infraestrutura, a escola possui 17 salas de aula; 8 banheiros com
adaptações para deficientes, embora no momento de minhas observações não possuísse
nenhum deficiente matriculado; a mesma ainda possui 1 biblioteca, que funciona em todos os
turnos; 1 laboratório de informática, que funciona quando os professores o solicitam; 1
laboratório de química, funcionando nas atividades dos professores de química;
3
almoxarifados, 1 sala de professores; 1 copa; 1 depósito, para organizar a comida para a
merenda escolar; no espaço da escola existe também um terreno para a construção de uma
quadra de esportes. De acordo com a Direção1, a Escola Estadual Professora Benedita de Castro
Lima, no ano de 2015, atendeu 2.070 alunos, tendo uma média de 40 alunos por sala de aula. A
maioria desses alunos moravam na zona urbana de Maceió, nos bairros mais próximos da
escola.
1
Os dados apresentados neste trabalho foram coletados durante minha pesquisa para os estágios, realizada com as
pessoas que faziam parte da direção da escola no ano de 2015. Quando uso a expressão Direção me refiro a
informações coletadas com mais de um indivíduo que ocupava cargo na gestão.
8
De acordo com as informações da Direção, a referida escola conta com um quadro de
115 funcionários, dos quais 57 são professores, 3 deles são Diretores, e os demais 55
funcionários ocupam os cargos de serviços gerais, vigilantes, merendeiras, agentes
administrativos. O quadro abaixo mostra como estão distribuídos os professores naquela escola
por componente curricular:
Quadro 01. Distribuição dos professores da E. E. Profª Benedita de C. Lima, por
componente curricular.
( 8 ) Português
( 1 ) Religião
( 9 ) Matemática
( 3 ) Arte
( 5 ) Educação física
( 5 ) Língua Estrangeira
( 2 ) Ciências
( 3 ) Química
( 6 ) História
( 7 ) Geografia
( 3 ) Biologia
( 2 ) Física
( 2 ) Ciências Sociais/Sociologia
( 1 ) Filosofia
Fonte: Dados fornecidos pela Direção da escola em entrevista
Foi por residir nas imediações da escola que desenvolvi ali minhas observações, uma
vez que não há, por parte do Instituto de Ciências Sociais da UFAL, um encaminhamento que
nos direcione para escolas específicas, ficando a nosso critério a escolha de escolas públicas do
estado de Alagoas, que já possuem convênio com a UFAL. O que em certa medida, dificulta a
atuação mais próxima do professor da Universidade que orienta o Estágio na escola, posto que
cada um dos estudantes escolhe a partir de suas preferências às escolas onde desenvolverão seus
estágios.
No início do 2º semestre letivo de 2014 nos deparamos com a dificuldade frente a alguns
problemas existentes na instituição de ensino UFAL, qual seja: a falta de professores para
ocuparem os componentes curriculares do estágio, tal situação dá sinais do descaso com a
educação, a falta de investimentos por parte do governo tanto na melhoria da estrutura das
universidades como no quadro de funcionários. Com a saída do único professor efetivo para
ocupar os componentes de estágio em Sociologia, ficamos sem professor, tal situação não é
uma singularidade da UFAL, posto que tal problema se manifesta há anos no país.
No caso do Instituto de Ciências Sociais os professores que atuam no estágio obrigatório
são cedidos pelo Centro de Educação da UFAL. Naquele ano, a partir de tal cenário, de
9
ausência de professor, o ICS acionou os órgãos responsáveis da Universidade e uma professora
foi encaminhada para assumir os estágios. É importante destacar que a referida professora não
possuía formação na área de Ciências Sociais o que tornou o processo mais complexo.
É importante reconhecer que esse processo se deu depois de muita luta do ICS para
conseguir um professor, que se esforçou bastante para atender a demanda da instituição e dos
alunos. Com relação a questão que acredito ser muito importante para nossa formação, qual
seja: o acompanhamento em campo (na escola), frente as dificuldades citadas acima, é quase
óbvio sinalizar que a professora não conseguiu fazer este acompanhamento, tendo em vista a
quantidade de alunos e a localidade das escolas que cada um se encontrava desenvolvendo suas
atividades. E não foi diferente no ano de 2015, no semestre 2015.1, momento no qual nos
deparamos com a mesma situação de ausência de professor, na ocasião o ICS estava
aguardando a nomeação de um professor que demorou um pouco a ser contratado e as
atividades do estágio começaram em meio ao semestre letivo já em curso. Naquele momento,
embora contratado provisoriamente, o professor que assumiu os estágios possuía graduação na
área de Ciências Sociais e era mestre em Educação, diante das mesmas dificuldades enfrentadas
pela professora, citada anteriormente, dos estágios 1 e 2, este também não conseguiu ir a campo
fazer o acompanhamento das atividades desenvolvidas.
Nos estágios 1 e 2, cada um com 100 horas, de um total de 400 horas exigidas pela
matriz curricular do curso, foram desenvolvidas as seguintes atividades: Observação do
ambiente escolar, visando conhecer a estrutura da instituição de ensino bem como o perfil do
professor de ciências sociais, para servir de apoio enquanto docente; Observação do perfil da
turma de 2° ano “B”, analisando a relação professor-aluno, tal observação serviria de base para
realização da regência posterior; Elaboração de um plano de aula que possibilitasse uma melhor
forma de transmitir o conhecimento e a possibilidade de transformar as aulas de sociologia mais
interessantes de modo que possam prender a atenção dos alunos sem perder o foco, de criar
neles um senso crítico, possibilitando assim problematizar as questões da dinâmica da vida em
sociedade; Além do desenvolvimento e execução de um plano de aula; outra exigência foi a
realização da regência conforme acordado com o professor fazendo posteriormente a
elaboração de uma atividade e avaliação da mesma. Além dessas atividades, o professor nos
pediu um resumo do livro didático utilizado pelo professor que observávamos no estágio, que
naquela ocasião era o “Sociologia para o Ensino Médio” de autoria de Nelson Dacio Tomazi
(2010).
Nos estágios 3 e 4, ambos com 100 horas, o que completaria a carga horária exigida pelo
curso, foram desenvolvidas às atividades que demandaram mais esforços, tanto para
10
elaboração, quanto para execução. Naquele momento nos foi apresentada as Orientações
Curriculares Nacional para o Ensino Médio (OCNEM) do componente curricular de
Sociologia, o Referencial Curricular da Educação Básica para as Escolas Públicas de
Alagoas (RECEB), como exigência deste componente curricular (estágios) foi solicitado que
elaborássemos um plano de ensino, plano de aula e regência de uma aula. Foi nesse momento
do curso que tomei conhecimento dessas ferramentas de Orientação do ensino de Sociologia
para a educação básica.
Ditas tais questões, o presente relatório buscará apresentar um pouco desta experiência,
para tanto iniciarei tratando de algumas questões referentes ao ensino de Sociologia em
Alagoas, para em seguida abordar, de modo mais específico, minha atuação como estagiária na
Escola Estadual Professora Benedita de Castro Lima.
11
1.
O ensino de Sociologia: uma rápida digressão por suas idas e vindas no
Brasil
De acordo com Florêncio e Plancherel (2009) a introdução da sociologia no Brasil se
deu após a proclamação da república, através da reforma educacional proposta por Benjamin
Constant, ocorrida em 1891. Benjamin Constant foi influenciado pelos ensinamentos e ideais
sociológicos de Augusto Comte. Com a implantação do seu projeto educacional, a república
implantaria uma sociedade não mais baseada em valores religiosos, mas baseados em ciência, é
nesse cenário que surgem as primeiras preocupações com o ensino de sociologia no Brasil.
Com a morte de Benjamim Constant, a reforma não foi realizada integralmente e a sociologia
saiu do currículo sem ao menos ter sido ofertada.
Ainda de acordo com Florêncio e Plancherel (2009), a reforma de Rocha Vaz foi uma
tentativa de ajuste no ensino médio que ficou dividido em duas etapas, uma delas
compreenderia a formação básica com o ensino fundamental, com duração de cinco anos e o
ensino médio, como complementar, em três anos, este por sua vez tinha por objetivo preparar o
aluno para o ingresso no ensino superior, tal reforma sofreu várias modificações que não causou
grandes consequências nos currículos. A reforma Rocha Vaz, em 1925, coloca novamente a
Sociologia como disciplina obrigatória do curso secundário, apenas no 6º ano, e nos cursos
normais.
Em 1931, com a nova reforma realizada por Francisco Campos, a disciplina de
Sociologia volta a ser obrigatória para o ingresso nos cursos superiores. Na década de 30, junto
com a Era Vargas e a crise que assolou o país, fez surgir 1932 um Manifesto dos Pioneiros da
Nova Educação2. Surgiu em São Paulo os primeiros cursos de Ciências Sociais “com a criação
da Escola de Sociologia e Política de São Paulo e a Criação do Departamento de Sociologia da
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo” (Florêncio e
Plancherel, 2009, p. 06), que compartilhavam do mesmo objetivo, qual seja: formar a elite
brasileira com o intuito de governar e assumir os rumos do País. Para que isto acontecesse se fez
necessário conhecer a forma de vida dos que viviam nas periferias, a estruturação e organização
da família brasileira, a cultura dos povos, para que assim pudessem compreender as mudanças
da sociedade.
2
Este trabalho não tem intenção de aprofundar esta temática para mais detalhes ler: (FLORÊNCIO, M. A. de L.;
PLANCHEREL, A. A. A sociologia no ensino médio: o percurso histórico no Brasil e em Alagoas. In: Anais do
XIV Congresso Brasileiro de Sociologia, realizado no Rio de Janeiro-RJ, de 28 a 31 de julho de 2009.)
12
Nos anos seguintes, o Brasil assistiu a um crescimento econômico sob o qual se
multiplicaram as indústrias, desenvolveram-se os centros urbanos, ocasionando um
crescimento na renda per capita do país (NUNES, 1999). Tal processo levou a uma maior
demanda pelo ensino secundário. No entanto, a reforma Francisco Campos não
conseguia atender a esse novo momento da história, pois com (...) “um aspecto cultural
geral sem flexibilidade entre os diversos ramos do ensino médio, não satisfazia à
mobilidade social que se processava no país” (NUNES, 1999, p.100). Contudo, a reforma
Francisco Campos permanece até 1942 (Florêncio e Plancherel, 2009, p. 06).
Entre o período da década de 20 e 30 a sociologia surgia como uma ferramenta capaz de
analisar e compreender os fenômenos sociais, naquele momento ela era importante na formação
da elite brasileira que nos cursos de medicina, direito e engenharia tinham como disciplina
obrigatória a sociologia.
Com a reforma Capanema, em 1942, foi assinado um decreto que retirava a
obrigatoriedade da sociologia nos cursos secundários, neste período os estudos não estavam
voltados para que os jovens compreendessem e questionassem a realidade vivenciada naquele
momento, estavam mais voltados para o mercado de trabalho. Na década de 60 houve uma nova
reforma na LDB, mas nela nada se alterou em relação ao ensino da Sociologia.
O golpe de 1964 instaurou uma ditadura que durou até 1985. Essa ditadura utilizou
todos os meios para desmobilizar a sociedade organizada, até mesmo os professores e os
estudantes que se mobilizavam em favor de reivindicações relativas à educação em todos os
níveis, os quais tiveram suas manifestações proibidas. A normatização da educação no país, se
deu especialmente com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Na Lei n° 5.692/71
a intenção governamental explícita era atualizar a educação e “tirar o país do atraso” e na nova
LDB n° 9.394/96 os educadores pretendiam estabelecer novas diretrizes para a educação
nacional.
No período de redemocratização do país, Florestam Fernandes e Costa Pinto trouxeram
à tona a discussão sobre a reinclusão da sociologia no currículo escolar. Tal pauta apareceu no
1º Congresso Nacional brasileiro, nesse contexto a reinserção da disciplina estava incorporada
às ideias de mudança e de reformas sociais para o país. Como destaca Fernandes (1977, p. 106).
O ensino das ciências sociais no curso secundário seria uma condição natural para a
formação de atitudes capazes de orientar o comportamento humano no sentido de
aumentar a eficiência e a harmonia de atividades baseadas em uma compreensão
racional das relações entre os meios e os fins, em qualquer setor da vida social.
Segundo Fernandes (op cit), os cursos secundários são uma condição para que o aluno
possa compreender as relações no meio em que vivem, estando baseadas na compreensão do
13
outro, podendo agir com eficiência nas atividades da vida em sociedade. É nesses termos que o
autor vai defender a importância de um espaço para a Sociologia na formação dos jovens
estudantes.
De acordo com Ferreira (2015), o ensino da sociologia no Brasil iniciou-se nas escolas
normais, e estava voltado para as elites com o fim de formar uma elite politizada. Depois de
tantas idas e vindas no contexto escolar brasileiro, em 1980 a sociologia volta a ocupar um lugar
no currículo secundário de forma gradual.
Em 1996 com a nova LDB que relaciona o ensino de sociologia enquanto um elemento
importante para a garantia de uma formação voltada para o desenvolvimento da cidadania.
Num debate mais amplo sobre a educação, Florestan Fernandes defendia a ideia de uma
educação constitutiva, de modo que a própria deveria assumir um caráter democrático, no
que tange à didática e ao currículo. De acordo com o debate desse sociólogo, a educação
deveria responder à exigência de uma diferenciação funcional para, desse modo, atingir o
que seria o desenvolvimento social. Nesse sentido, o autor defende a inclusão da
Sociologia nos moldes formativos para o Ensino Médio como uma totalidade. Assim, as
Ciências Sociais constituiriam um importante instrumento político no cenário moderno.
(COSTA, 2011 apud FERREIRA, 2015 p, 22).
De acordo com o exposto podemos observar que Florestan Fernandes reconhece a
educação escolar como uma das possibilidades de transformação dos jovens na sociedade
brasileira, ressaltando assim o papel importante que a Sociologia poderia ter nesse momento
formativo.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação surge em atendimento aos preceitos
constitucionais e é resultado de um longo debate entre a sociedade civil e o Estado, que levou
oito anos de tramitação no Congresso Nacional. Na década de 80 e 90 é incorporado o ideário
neoliberal no crescimento econômico passando pelas políticas educacionais e chegando nas
escolas em especial nas escolas públicas. Com a LDB 9.394/96 o ensino fundamental e médio
começaram a fazer parte da base nacional comum que veio reestruturar o sistema educacional,
em seu art.36, § 1º ressalta que “Entre os saberes que o educando deverá dominar após o ensino
médio estão os conhecimentos de filosofia e de sociologia necessários ao exercício da
cidadania”.
Os contornos do reingresso da sociologia vão se concretizando, sobretudo com a
promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei nº 9394, em 20 de
dezembro de 1996. Nela, a Sociologia não se configura, ainda, como uma disciplina
específica. No entanto, o egresso do Ensino Médio, deveria possuir domínio de
conhecimentos em Sociologia e Filosofia para o exercício da cidadania. (BRASIL,
1996). Nessa linha de raciocínio, as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio –
DCNEM¹¹, instituídas a partir da resolução nº 3, de 26 de junho de 1998, vêm
corroborar, a ideia do ensino de Sociologia e Filosofia para a cidadania, esta apoiada na
interdisciplinaridade e contextualização (BRASIL, 1998 apud FERREIRA 2015, p. 23)
14
De acordo com Ferreira (2015), no ano de 1999 foi publicado os Parâmetros
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – PCNEM, nele foi reafirmada a importância dos
conhecimentos de Antropologia, Ciência Política e Sociologia para a formação do estudante da
educação básica. Mesmo assim, a disciplina não conquista um espaço na grade curricular do
Ensino Médio. Assim, no ano de 2001, o Padre Roque propôs um projeto de lei onde sinalizava
que a sociologia deveria ser obrigatória em todos os sistemas de ensino. O projeto foi vetado
pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso3 que se baseou em discussões realizadas na
época.
Somente com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, no ano de 2003, foi que se
abriram novos caminhos à sociologia e no ano de 2004 os PCN foram revistos por uma equipe
liderada por Amaury Moraes, momento no qual foi constatada a necessidade de novas
reformulações iniciando a construção das Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino
Médio, sendo uma equipe de pesquisadores que trabalhavam com a temática do ensino de
Sociologia a responsável pela elaboração das orientações para o ensino de Sociologia, sendo
publicado em 2006.
A partir de então a busca pela inclusão da disciplina ganha espaço no mesmo ano, sendo
o Conselho Nacional de Educação favorável a obrigatoriedade da disciplina de sociologia e
filosofia. Nesse contexto, em 2007 foi realizado o 1º Seminário Nacional de Ensino de
Sociologia no evento da Sociedade Brasileira de Sociologia - SBS, tal feito foi um importante
movimento para a impulsão da Lei nº 11.684 promulgada em 2008, sendo nesse momento a
disciplina de sociologia reintroduzida a nível nacional, passando a ser obrigatória em todos os
sistemas escolares na grade curricular do ensino médio.
Essa militância em torno da docência da Sociologia, e também da Filosofia, resultou na
promulgação da Lei nº 11.684, assinada em 2 de junho de 2008 pelo presidente em
exercício, José Alencar. Da obrigatoriedade, passa ao momento de implantação das
disciplinas que é definida pela resolução nº 1, de 15 de maio de 2009, a qual determina
que todos os sistemas escolares possuam, em sua grade curricular do Ensino Médio, as
disciplinas de Sociologia e Filosofia até ao ano de 2011. (FERREIRA, 2015, p. 25)
De lá para cá a disciplina foi sendo introduzida nas escolas, no ensino médio de forma
gradual. Em 2012 tivemos o primeiro Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) com dois
livros didáticos de Sociologia aprovados, que em 2015, na sua segunda edição, teve a
3
Para mais detalhes sobre o veto de FHC vê: MORAES, Amaury Cesar. O Veto de FHC: o sentido de um gesto.
In: CARVALHO, Lejeune Mato Grosso (Org.). Sociologia e Ensino em Debate. Ijuí: Ed. Unijuí, 2004. P.
105-111.
15
aprovação de seis livros, tendo agora em 2018 a aprovação de cinco livros didáticos de
sociologia. Tal dado sinaliza um grande avanço no que diz respeito a constituição de um
currículo para o ensino de Sociologia, tendo em vista os desafios que têm sido enfrentados
pelos profissionais que atuam na disciplina, posto que em sua maioria não possuem formação
na área das Ciências Sociais.
Recentemente um novo cenário tem sido posto para a disciplina de Sociologia na
educação básica, com a publicação da Medida Provisória nº 746, de 16 de fevereiro de 2016,
que reformula a estrutura para o ensino médio, bem como sugere uma proposta da Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) colocando a disciplina de Sociologia como optativa,
deixando somente como obrigatórias as disciplinas de língua portuguesa e matemática nos
três anos do ensino médio. O que nos deixa preocupados, tendo em vista que não se tem muita
clareza de como ficará a garantia da oferta da disciplina, tendo em vista que as escolhas
possivelmente se darão a partir de itinerários formativos e do fato de que não sabemos muito
bem como serão garantidas as ofertas de todos os eixos de formação.
A referida MP nos coloca, mais uma vez, diante de um cenário de incertezas com
relação ao lugar que a Sociologia ocupará no currículo do ensino médio. Vejamos algumas
das mudanças propostas com a tal MP:
Quadro 02. Mudanças no currículo do Ensino Médio (lei 9.394/1996 - lei 13.425/2017).
ART. 36 Lei 9.394/1996
Art. 36. O currículo do ensino médio
observará o disposto na Seção I deste
Capítulo e as seguintes diretrizes:
I - destacará a educação tecnológica
básica, a compreensão do significado da
ciência, das letras e das artes; o processo
histórico de transformação da sociedade e da
cultura; a língua portuguesa como instrumento
de comunicação, acesso ao conhecimento e
exercício da cidadania;
II - adotará metodologias de ensino e
de avaliação que estimulem a iniciativa dos
estudantes.
III - será incluída uma língua
estrangeira moderna, como disciplina
obrigatória, escolhida pela comunidade
escolar, e uma segunda, em caráter optativo,
dentro das disponibilidades da instituição.
IV – serão incluídas a Filosofia e a
ART. 36 Lei 13.415/2017
"Art. 36. O currículo do ensino médio
será composto pela Base Nacional Comum
Curricular e por itinerários formativos, que
deverão ser organizados por meio da oferta
de diferentes arranjos curriculares, conforme
a relevância para o contexto local e a
possibilidade dos sistemas de ensino, a saber:
I
-
linguagens
e
suas
tecnologias;
II
-
matemática
e
suas
tecnologias;
III - ciências da natureza e suas tecnologias;
IV - ciências humanas e sociais aplicadas;
V - formação técnica e profissional.
16
Sociologia como disciplinas obrigatórias em
todas as séries do ensino médio.
FONTE: BRASIL 1996 e BRASIL 2017
Esta reforma fomentou várias discursões, já que com o impeachment da Dilma
Roussef, observou-se uma completa alteração no modo pelo qual as decisões nesse campo
passaram a ser sinalizadas. Observamos isso com a proposta da BNCC, que vinha sendo
discutida com especialistas, mas que teve o fluxo de tais discussões ceifado com a retirada de
Dilma do poder. A implementação de uma reforma na educação através de uma Medida
Provisória - MP, nos deixou bastante preocupados e vulneráveis, tendo em vista que para sua
elaboração nem a sociedade civil, nem tão pouco os especialistas da área de educação foram
consultados, situação esta bastante preocupante, uma vez que, para muitos especialistas, a
mesma deixa a desejar em vários aspectos, principalmente quando se deixa o aluno escolher
seu itinerário formativo, considero este ponto problemático, tendo em vista que muitas vezes,
em função da imaturidade (em alguns casos), essa pode se tornar uma decisão tanto quanto
precipitada ao deixar esta responsabilidade com o aluno, sem mencionar o fato que grande
parte, se não todos os alunos, optariam pela formação profissional, abrindo uma possibilidade
para o aluno deixar de estudar e perder o interesse em fazer um curso superior, afinal, ao fim
do ensino médio o que a maioria procura é um emprego para se manter.
Apresentadas questões referentes aos percursos da sociologia no Brasil e escolar,
abordaremos alguns elementos referentes a sua introdução no estado de Alagoas, sua
introdução tardia, em virtude das políticas naquele momento, bem como a sua intermitência
no contexto estadual, é reflexo do cenário do país.
17
2. O ensino de Sociologia/Ciências Sociais em Alagoas
2.1. As Ciências Sociais em Alagoas: uma breve reflexão
De acordo com Florêncio e Plancherel (2009), em Alagoas desde a colonização até os
dias atuais se luta pela obrigatoriedade do ensino de sociologia, na época de sua introdução na
educação básica, existia apenas uma escola pública voltada para o ensino secundário. As
autoras sinalizam que nem mesmo as reformas que ocorriam no Brasil (1825 a 1942) surtiram
efeito para alavancar a expansão da disciplina no Estado de Alagoas, pois, às políticas
educacionais restritivas não permitia espaço para as reformas que aconteciam na época que se
desencadeava no país.
Diante de tantas dificuldades pelas quais o estado passava, os profissionais que
lecionavam vinham dos estados de Pernambuco e Salvador e possuíam formação em Direito e
Medicina, o que não era diferente de outros estados brasileiros, considerando que foram esses
os primeiros cursos de formação superior implementados no Brasil.
Ao abordarem questões em torno do surgimento da disciplina no estado, Florêncio e
Plancherel destacam a falta de material que registrassem a existência ou não da disciplina,
dificultando assim a coleta de dados a respeito desse período.
Devido à grande falta de material necessário para identificação dessa disciplina no nível
médio em nosso estado, não foi possível obter muitas informações a seu respeito nesse
período. Contudo, mediante um breve levantamento realizado na Biblioteca Pública de
Alagoas, identificamos a prática de ensino da sociologia no ano de 1928. (Florêncio e
Plancherel, 2009, p12)
Segundo Florêncio (2011) a introdução da sociologia no ensino médio se deu em um
período que o país passa por várias mudanças. A partir da década de 40, com as novas reformas
que surgiam no país, a disciplina perde espaço e chega a sair do quadro de educacional (1942 1981). Nos anos de 1982 a disciplina volta ao currículo gradualmente em muitos estados do
país, em Alagoas, porém, mais uma vez a disciplina fica fora do currículo, de acordo com as
autoras supracitadas, a crise no setor açucareiro influenciou a ausência de investimentos na
educação do estado.
Florêncio e Plancherel (2009) destacam que pode existir uma justificativa para o
atraso na implantação da disciplina em Alagoas, sinalizando que foi apenas no ano de 1994 que
18
se criou no estado o Curso de graduação em Ciências Sociais, pela Universidade Federal de
Alagoas, sendo importante ressaltar que este ainda é, até os dias atuais, o único curso de
formação na área do estado.
Em Alagoas o curso de graduação em Ciências Sociais teve sua implantação autorizada
pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão – CEPE/UFAL, em 1993, através da resolução
de nº. 49 - B/93, começando a funcionar em 1994, ofertando a formação nas modalidades de
bacharelado e licenciatura.
Após uma reforma institucional da UFAL, em 2006, o Departamento de Ciências
Sociais foi transformado no Instituto de Ciências Sociais – ICS, com a criação do Programa de
Pós-Graduação em Sociologia, conquistando mais autonomia. Surgiu aí a necessidade de se
criar um currículo que estivesse voltado para as especificidades políticas, culturais e
socioeconômicas do mercado de Alagoas, baseado ainda nos pareceres CNE/CES 492/2001 4
que trata das Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de
História, Serviço Social,
Filosofia, Comunicação Social, Geografia, Ciências Sociais, Letras, Biblioteconomia,
Arquivologia e Museologia e CNES/CES 1.363/20015, esta resolução que retífica o parecer
acima citado CNE/CES 492/2001 trata da aprovação de alguns cursos, entre eles o de Ciências
Sociais com a resolução Nº 32/2005-CEPE/UFAL 6 , esta Lei estabelece os componentes
curriculares para todos os cursos de formação de professores da UFAL. A partir do ano de 2006
são disciplinas obrigatórias: Projetos Integradores, Projeto Pedagógico, Organização e Gestão
do Trabalho Escolar, tal Lei trata da separação das modalidades de Licenciatura e Bacharelado
devendo cada um conter as competências e habilidades necessárias para desenvolvimentos das
atividades como: estrutura dos cursos, as formas de avaliação, o formato dos estágios, a
definição de conteúdos para educação básica.
4
De que trata as diretrizes curriculares nacionais dos cursos de Filosofia, História, Geografia, Ciências Sociais e
entre outros vê: Ministério da Educação, Conselho Nacional de Educação - Parecer CNE/CES 492/2001 Homologado, despacho do Ministro em 4/7/2001, publicado no Diário Oficial da União de 9/7/2001, Seção 1e,
p. 50.
5
Resolução que retifica o parecer CNE/CES 492/2001 que trata da aprovação dos cursos de Filosofia, História,
ciências sociais e entre outros e estabelece as diretrizes curriculares para os cursos de ciências sociais (Sociologia,
Antropologia e Ciência Política) vê: Ministério da Educação, Conselho Nacional de Educação, CNES/CES
1.363/2001 parecer homologado, despacho do Ministro, publicado no Diário Oficial da União de 29/1/2002
6
Estabelece os componentes curriculares comuns para os cursos de formação de professores da UFAL a partir do
ano
letivo
de
2006.
Disponível
em
https://ufal.br/estudante/graduacao/normas/documentos/resolucoes/resolucao_32_2005_cepe>, acessado em
22/9/2018.
19
Nesse ínterim, a disciplina de sociologia começou a reocupar espaço nas escolas
alagoanas, a partir de sua aparição nos vestibulares da UFAL, demanda criada a partir de 1999,
mas que foi efetivada apenas em 20027.
De lá para cá o curso passou por algumas reformulações, uma delas implementou a
separação dos cursos, cada um agora com seu perfil formativo específico e no caso do curso de
licenciatura traria em seu Projeto Pedagógico de Curso/ICS, em 2012, os seguintes princípios
norteadores que inclui a formação do aluno, a atuação em programas de ensino, produção de
saber entre o ensino, pesquisa e extensão, etc:
I. Propiciar aos estudantes uma formação teórico-metodológica sólida em torno dos
eixos que formam a identidade do curso (Antropologia, Ciência Política e Sociologia) e
fornecer instrumentos para que eles possam estabelecer relações produtivas com a
pesquisa, com foco no processo de ensino e aprendizagem, a prática social e
principalmente com a docência;
II. Garantir a integração entre o ensino, a pesquisa e a extensão;
III. Estimular a autonomia intelectual e a capacidade analítica dos estudantes,
possibilitando a eles uma ampla formação humanística e técnica;
IV. Partir da idéia de que o curso é um percurso que abre um campo de possibilidades
com alternativas de trajetórias não limitadas apenas a um rígido ordenamento curricular;
V. Fazer a articulação entre as disciplinas, as linhas de pesquisas dos núcleos de
pesquisa institucionalizados e demais aspectos relevantes, como os projetos de
extensão, atividades de registro e coleta de dados, buscando fomentar as especificidades
da formação em Licenciatura;
VI. Estimular avaliações institucionais no sentido do aperfeiçoamento constante do
curso. (PPC /ICS, 2012, p. 07)
Tais princípios têm o objetivo de formar profissionais voltados para a Educação Básica,
aptos a atuarem nas redes públicas e privadas, as orientações do Curso de Ciências Sociais
estavam vinculadas com a LDB. Na proposta apresentada no PPC/ICS 2012 a metodologia é
trabalhada com vertentes emancipatórias, pela singularidade de organizar e pensar seu
desenvolvimento, refletindo criticamente, estimulando todos os tipos de conhecimento desde as
questões culturais, sociais e econômicas.
A carga horária do curso de Ciências Sociais – licenciatura, nesse momento era de 3.180
(três mil, cento e oitenta) horas, com o tempo mínimo para integralização de 4 (quatro) anos, e
tempo máximo de 6 (seis) anos. A grade curricular é composta por disciplinas obrigatórias e
eletivas, também fazem parte as disciplinas de formação docentes que são em parte oferecidas
pelo Centro de Educação - CEDU e pela Faculdade de Letras - FALE, existe ainda a formação
7
Para mais esclarecimentos sobre a reocupação da disciplina no estado de Alagoas Vê: OLIVEIRA, Amurabi;
FERREIRA, Vanessa do Rêgo; SILVA, Claudovan Freire. Percurso e Singularidades do Ensino de Sociologia em
Alagoas. Saberes em Perspectivas, Jequié: BA, vol. 4, nº 8, 2014, p. 11-34.
Disponível em:
<https://www.academia.edu/6891634/Percurso_e_Singularidades_do_Ensino_de_Sociologia_em_Alagoas>,
acessado em 22/09/2018.
20
que é composta pelos estágios supervisionados, trabalhos de conclusão de Curso e as atividades
complementares.
Segundo Oliveira (2014), a partir de 2006, com a separação dos segmentos, a
Licenciatura e Bacharelado em Ciências Sociais, que até então era ofertadas conjuntamente, se
demandou uma reflexão sobre a identidade própria da Formação de Professores, reforçada pela
resolução Nº 32/2005 CEPE, de 14 de dezembro de 2005, que estabelece componentes
curriculares comuns a todos os cursos de formação de professores da UFAL são elas:
Organização do Trabalho Acadêmico; Profissão docente; Política e Organização da Educação
Básica no Brasil; Desenvolvimento e Aprendizagem; Planejamento, Currículo e Avaliação da
Aprendizagem; Projeto Pedagógico Organização e Gestão do Trabalho Escolar; Pesquisa
Educacional e as 400 horas de Estágios Supervisionados que ficaria sob a responsabilidade do
CEDU - Centro de Educação, além dos Projetos Integradores que ficava sob a responsabilidade
do Instituto de Ciências Sociais.
Considerando
a
importância
da
prática
pedagógica
e
a
importância
da
interdisciplinaridade para a atuação do professor, foram criados os projetos integradores, que
vão do 1º ao 7º período, bem como as matérias pedagógicas, que são ofertadas pelo CEDU
fazendo uma articulação da prática com teoria, este cenário muda com o novo PPC aprovado
agora em 2018, com a introdução das disciplinas de Saberes e Práticas em Ensino de Ciências
Sociais8.
Mesmo que em 2012 o PPC mantivesse as disciplinas de Projetos Integradores, nesse
momento as disciplinas de projetos integradores de 1 a 7, passam a serem voltadas para prática
docente, até então a mesma ficava encarregada de fazer uma interlocução entre as disciplinas
matrizes do curso de Sociologia, Antropologia e Ciência Política, não se possuía ligação
alguma com a prática docente, e muitas vezes tornava-se uma espécie de eletiva a critério das
afinidades do professor responsável a cada semestre, assim sendo, penso que uma das grandes
conquistas com o novo PPC foi exatamente esta nova configuração da disciplina que está mais
voltada para a prática e o fazer docente, possibilitando que o aluno em formação tenha uma
ideia da dinâmica de sua profissão e não mais passe a ter esse contato somente nos componentes
curriculares que ficam nos últimos períodos do curso, acredito que com a nova estrutura dos
projetos os alunos ganharam em termos de aprendizados, experiências vão sair mais habituados
e preparados para realidade com a qual vão se deparar.
8
Não me deterei a este novo PPC posto que o período de coleta de dados para esse TCC não me permitiu dar conta
do acompanhamento e implementação do mesmo.
21
Como mencionado, o PPC tem uma nova configuração, as disciplinas como: Sociologia
4 e as eletivas 5 e 6, Ciência Política 4, 5 e 6, Antropologia 4, 5 e 6, outras como, métodos e
técnicas de pesquisa, saem do currículo, foram extintas, para dar lugar a uma nova estrutura do
curso que vem atender as atuais demandas de formação, sendo introduzidas disciplinas
obrigatórias como: Sociologia da Educação, Educação e Diversidade, Pesquisa Qualitativa,
Pesquisa Quantitativa e Pensamento Social Brasileiro. Com tais reformulações, o curso passa a
ter uma nova configuração que, a meu vê, tornou o ensino mais proveitoso com algumas
disciplinas mais voltadas para o trabalho de pesquisa e o ensino. Já que no PPC do qual eu fiz
parte não tinha nenhuma disciplina que preparasse o aluno com essa maior ênfase na formação
docente, esta foi mais uma das grandes dificuldades encontradas no percurso de formação
acadêmica.
Considerando agora o cenário da disciplina à nível escolar, é importante destacar que foi
apenas em 2005 que se realizou o primeiro concurso para a área de sociologia, no estado de
Alagoas, fator que influência na tardia consolidação da disciplina no currículo no sistema de
ensino do estado. Tal concurso dispôs 66 vagas, naquele momento era possível que professores
com formação na área de Pedagogia concorrerem as vagas, considerando-se a existência de
poucos profissionais com formação em ciências sociais no estado para assumirem as mesmas.
Em 2012 houve seleção para monitores9, o que mais uma vez deixa claro a carência de
profissionais nesta área de ensino. Assim, apenas no ano de 2013 é realizado um segundo
concurso no qual constam vagas para professores de Sociologia, neste momento, depois de
questionamentos feitos por parte do Instituto de Ciências Sociais, as vagas foram ofertadas
somente para profissionais licenciados em Ciências Sociais. O concurso apresentou uma
demanda de 53 vagas para professores de Sociologia, das quais apenas 32 foram ocupadas, o
que levou a permanência de professores temporários/monitores. Vale destacar que em
Alagoas, como em outros estados do Brasil, a maior parte dos professores que lecionam
Sociologia não possuem formação acadêmica na área das Ciências Sociais, sendo que, no
cenário estadual, mais da metade dos profissionais que dão aulas de Sociologia na educação
básica, atuam em áreas diferentes de sua formação, a maior parte deles egressos do curso de
licenciatura em Pedagogia.
Apresentadas tais discussões, passaremos para às questões referentes ao currículo no
estado de Alagoas, que passou por várias dificuldades para a sua elaboração, a condução da
construção do Referencial deixou a desejar em muitos aspectos, passou por duas gestões de
9
Categoria utilizada no estado de Alagoas para classificar professores que são contratados de forma temporária
pela Secretaria de Educação do Estado.
22
Governos diferentes do Estado, e até o fim da pesquisa de Ferreira (2015) ainda não havia se
concretizado.
2.2. O Referencial Curricular no estado de Alagoas
Considerando a situação do estado de Alagoas, de acordo com um levantamento
realizado por Oliveira (2015), através dos dados coletados nos relatórios de estágio dos
estudantes do curso de ciências sociais da UFAL, do segundo semestre do ano de 2013, foi
observado que o estado possuía um dos piores índices do IDEB (Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica), o autor também destacou que o piso salarial dos professores não era
cumprido. A preocupação da pesquisa foi caracterizada pela problematização das condições de
trabalho docente na percepção dos professores, tendo em vista a realidade vivida pelos mesmos.
De acordo com o texto de Oliveira (op cit), os dados do censo escolar de 2012, apontam
para o fato que no Brasil, apenas 10,3% dos professores são licenciados em Ciências Sociais, o
que caracteriza um cenário alarmante. A falta de tradição da disciplina e a desvalorização do
professor, acarretam no acúmulo de muitas turmas aumentando assim a quantidade de trabalho.
No caso da sociologia, o fato de haver uma compreensão de que esta é uma disciplina que
“qualquer um” pode lecionar, como pode ser identificado ao se verificar a abertura do edital
para concurso de professores que, no ano de 2006, ofertou vagas para profissionais não somente
da área de ciências sociais, mas também para professores com formação em Pedagogia.
Os professores com formação em Ciências Sociais e os que estão concluindo a
graduação, em sua maioria possuem vínculo de trabalho como monitores no estado, o que torna
o trabalho ainda mais difícil, já que o mesmo recebe somente pelas aulas ministradas. No
contexto estadual não são observados os mesmos incentivos para os contratados e os
concursados, a exemplo dos cursos de formação continuada, que são oferecidos somente para
aqueles concursados, o que demonstra o baixo investimento por parte do poder público. Em sua
pesquisa citada anteriormente, Oliveira (2015) sinaliza que a presença dos professores
temporários nas escolas é o reflexo das políticas neoliberais em educação, marcadas pela
privatização e a redução dos gastos públicos, caracterizando uma política de Estado mínimo
que simplifica as relações de trabalho, agravando a baixa qualidade do ensino público no Brasil,
já que os professores recebem vencimentos mais baixos e não possuem direitos trabalhistas.
Considerando a questão curricular, de acordo com Ferreira (2015), em Alagoas
existem três documentos que norteiam a prática docente, são eles: o Referencial Curricular da
Educação Básica para as Escolas Públicas de 2010; a Organização da educação Básica
23
publicado em 2011, e os Referenciais Curriculares da Educação Básica de Ensino do Estado
de Alagoas, de 2014.
Segundo Ferreira (op cit), o Referencial Curricular da Educação Básica de Ensino
(RECEB) do estado de Alagoas, começou a ser repensado em 2011, tendo por finalidade
nortear as ações pedagógicas dos profissionais da educação, visando a construção da qualidade
de aprendizagem dos alunos, tendo em vista que o Estado ocupava a última posição no ranking
da educação no país. Um dos objetivos de tal reelaboração era justamente o de melhorar esta
posição no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).
De acordo com Ferreira (2015) a construção do referencial foi baseada em estudos e
discussões dos profissionais responsáveis pelas políticas públicas educacionais do Estado, a
partir da análise de vários documentos normativos, legais, conceituais e operacionais que
existiam na Secretaria de Educação do Estado/AL. Assim, a elaboração do Referencial foi
construída a partir das áreas de conhecimentos.
Os Referenciais Curriculares do Estado de Alagoas é um documento que resulta de uma
ação conjunta entre a “Secretaria do Estado de Educação e do Esporte de Alagoas
(SEE/AL), o Ministério da Educação (MEC) e o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD)” (ALAGOAS, 2010, p. 7), com o “propósito nortear a ação
pedagógica” (IDEM), vislumbrando um melhor desempenho das escolas públicas no
Índice de Desenvolvimento na Educação Básica (IDEB) (Idem). Desse modo, o
documento aponta sob quais preceitos legais devem se estabelecer a educação infantil, o
Ensino Fundamental e Ensino Médio (Ibidem). (...) Destacamos a concepção do
documento quando o mesmo define currículo e formação humana. Ele aponta que o
currículo deve fomentar o exercício de uma reflexividade do sujeito, objetivando uma
maior compreensão da realidade. Esse modelo curricular deve contemplar ainda questões
que ultrapassem o espaço da sala de aula e considere as distintas dimensões do
desenvolvimento humano psíquica e socialmente”. (FERREIRA 2015. p, 29)
Segundo Ferreira e Oliveira (2015), a reforma foi conduzida pela GEORC - Gerência de
Organização do Currículo Escolar e pela empresa privada Instituto Abaporu de Educação e
Cultura, a mesma possui experiência com pesquisas nesta área de conhecimento, e foi
contratada através de um pregão eletrônico em 2013. A autora sinaliza que a reforma de 2013
aconteceu devido a não participação direta dos professores na elaboração do RECEB publicada
em 2010, que segundo um relato de um dos professores entrevistados pelos autores
supracitados, sinalizou a elaboração do RECEB como sendo por correspondência,
considerando que e mesmo foi discutido em grupos das CRE e os grupos mandavam a
produção para GEORC, ainda segundo o relato eles sequer tiveram a preocupação de passar
orientações para elaboração das produções em um dos relatos na pesquisa feita por Ferreira
(2015) um determinado professor respondeu:
24
Nós temos um referencial chamado de RECEB do Estado de Alagoas, não sei se você
teve contato. Ele foi mandado para as escolas discutir nos grupos e enviar a produção pra
lá, muito distante, como se fosse por correspondência. E em 2010 chegou o Referencial
nas escolas, também as escolas, não deram o mínimo valor, pode ter certeza disso (...).
Dependia de você para fazer o grupo, entregava pra CRE4, a CRE levava para Maceió.
Quer dizer, você só com o grupo daqui mandava pra lá, não tinha uma orientação, não
tinha esse debate, que era especifico nas escolas. Então foi feito essa parte, por isso
chamo por correspondência, sim (...) então, foi feito em todas as CRE’s, pegando a
produção, levando pra Maceió. E daí, segundo ele o objetivo era ver a cultura de cada,
digamos, sociedade, digo, cada comunidade escolar e chagar a esse denominador e
formar o currículo, como foi feito o RECEB. (Professor B, 2014) (Ferreira e Oliveira,
2015, p. 456).
O RECEB/AL de 2010 recebeu muitas críticas, pois o mesmo foi realizado como que
por correspondência, como podemos observar no relato acima, ou seja, sem a participação
direta dos professores em sua elaboração que consistiu muito mais em uma troca de
documentos, diferente do que aconteceu com o RECEB/AL de 2014, em cujo qual foi
contratada uma empresa para que a mesma elaborasse o documento, sendo realizadas várias
discurssões em torno do assunto. Porém, embora tenha avançado em alguns quesitos, nesse
novo momento o problema foi a forma como ele foi conduzido, posto que, segundo os dados
apresentados por Ferreira e Oliveira (2015), a empresa que realizou a elaboração do documento
já veio com um modelo preestabelecido pronto para que os profissionais se encaixassem no
modelo que, já estava pronto.
Segundo Ferreira e Oliveira (op cit), diante das dificuldades e das contradições na
elaboração do referencial é que a GEORC, em um primeiro momento, decide fazer uma
reforma no RECEB, juntando assim a comunidade escolar para um debate com o objetivo de
elaborar um rreferencial no qual todos pudessem participar. De acordo com o RECEB/AL de
2014, a sociologia, enquanto disciplina, ocupa a área das Ciências Humanas e suas Tecnologias
obedecendo à regra da interdisciplinaridade.
Ferreira e Oliveira (op cit) destaca que a reforma aconteceu em etapas. A primeira, que
começou em 2011, passou pela transição da gestão e foi finalizada em 2014, mesmo ano que
começou a segunda etapa. A terceira etapa resultou na criação dos grupos que daria início a
produção do material, nesta etapa houve uma maior participação dos professores no processo.
Foram realizados encontros, seminários, trocas de materiais por e-mail, que resultaram em um
documento base para as aulas de sociologia, conforme consta no quadro abaixo:
Os componentes curriculares elaborados pela Gerência de Organização do Currículo
Escolar (GEORC):
25
Quadro 03: Conteúdos componente Sociologia.
COMPONENTE: SOCIOLOGIA
1. O QUE É PRECISO QUE OS ALUNOS CONHECAM/COMPREENDAM? Que ele é
um sujeito
O que estuda a Sociologia e a Antropologia
Essencialmente político
Agente de Mudança/Transformação
Teoria Sociológica dentro de um contexto social
Teóricos das Ciências Sociais
Trabalho na Sociedade Moderna (Corporativismo/Empreendedorismo)
2. O QUE É PRECISO QUE OS ALUNOS SAIBAM FAZER?
Discussões acerca de: cidadania, democracia, direitos, deveres, moral,
sociedade, direitos humanos, ECA, Estatuto do Idoso, Constituição do Brasil.
Participarem de Grupos e Movimentos Sociais
Pesquisas na comunidade local fazendo relação/comparação com as outras
comunidades.
Reflexões acerca de ser “sujeito que faz Política”.
3. O QUE É PRECISO QUE OS ALUNOS APRENDAM A SER?
Cidadãos críticos, reflexivos, políticos, etc.
4. O QUE É PRECISO PARA QUE OS ALUNOS APRENDAM A CONVIVER?
Compreendam? O que essencial na vida humana – A necessidade de estar com o
outro, de precisar do outro;
Fonte: Tabela sistematizada pela GEORC. (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015, p. 100)
De acordo com Ferreira (op cit), para a construção do RECEB foram utilizados como
referências os documentos nacionais (os PCN e OCN). O mesmo traz os conteúdos a serem
trabalhados em cada série do ensino médio, dando possibilidades para que o professor possa
fazer uso de outros mecanismos para construção de suas aulas, além do livro didático, como a
utilização de documentários, textos e materiais pertinentes aos conteúdos da disciplina.
Vejamos:
26
Quadro 04. Conteúdos previstos para o Ensino Médio no RECEB/AL.
Eixos
1º ANO
Conteúdos conceituais
-Indivíduo
e -Importância da sociologia; -Cultura: a formação
sociedade;
do ser social; -Indivíduo e sociedade; -A
-Cultura;
emergência das Ciências Sociais nos séculos
-Cidadania;
XVIII
e
XIX:
do
biológico
ao
social;
-Normas
Sociais; -Organização da Sociologia em bases científicas:
-Mudança
Social; objeto e métodos de investigação; -Sociologia
-Ação
Social; Positivista: as etapas da evolução social; -A
-Trabalho e exclusão sociologia
social;
da
integração
social:
ciência
solidariedade;
-A sociologia compreensiva da ação social.
-Sociologia Crítica: mudança e transformação
social.
2º ANO
-Relações de poder; - Antropologia e Sociologia: um diálogo
-Relações
sociais; necessário entre Evolucionismo, Funcionalismo e
-Identidade;
Estruturalismo;
-Instituições
Sociais:
da
-Trabalho;
socialização à estrutura social; -Sociologia
-Cidadania; -Cultura Contemporânea: indivíduo e sociedade como
base das novas relações e instituições sociais;
-Pós-Modernidade e Globalização: entre a velha
e a nova ordem social; -Sociedade de consumo:
do luxo ao lixo das desigualdades sociais;
-Trabalho na Sociedade Moderna: formas de
organização, lutas e mudanças tecnológicas;
-Papel Social das redes de Comunicação Global;
-Movimentos Sociais; -Pobreza e Estratificação
Social;
3º ANO
-Relações de poder; -O Desenvolvimento da Sociologia no Brasil:
-relações
sociais; temas e Problemas; -Questões sociais do Brasil:
-Identidade;
Discussões acerca de cidadania, democracia,
-Trabalho;
ética, moral, direitos humanos, entre outros;
-Cidadania; -Cultura -Comunidade
e
Sociedade;
-Comunidades
27
Afro-brasileira e Indígena: um panorama da
realidade atual; -Aplicação e prática dos métodos
e técnicas de Pesquisa Sociológica: articulada à
realidade do Brasil e de Alagoas; -Temas e
problemas da cidadania em Alagoas: pobreza,
violência e desigualdade social, representação
social e política, movimentos sociais etc.
Fonte: ALAGOAS, 2014. (FERREIRA, 2015, p. 110)
Ainda de acordo com Ferreira (op cit) o documento foi importante, pois o mesmo trouxe
assuntos pertinentes as áreas de Ciência Política, Antropologia e Sociologia, ou seja,
contemplando as três áreas de conhecimento das ciências sociais.
Embora apresente percursos para o ensino de Sociologia o RECEB não “consistirá
numa “camisa de força”, muito pelo contrário, ele dá indicativos para o desenvolvimento das
práticas pedagógicas”. (Ferreira, 2015, p.112). A autora ressalta ainda que tal proposta deverá
abranger todas as escolas do estado, e que a implantação do Referencial será um dos maiores
desafios e corre o risco de não se efetivar.
Ao observarmos a trajetória de reelaboração do RECEB é possível notar a importância
de tal documento, ao mesmo tempo, eu enquanto aluna tive contato com o material
tardiamente, somente nos estágios, o que me deixou um tanto intrigada, já que para
elaboração das aulas, dos planos de ensino, teria que me basear nos referenciais que são os
documentos norteadores para o ensino de sociologia. No momento do estágio aproveitei para
saber o que os agentes da escola na qual iria executar os estágios sabiam a respeito de tais
documentos, ao perguntar sobre os documentos na escola poucos tinham conhecimento do
que se tratava, os que tinha conhecimento eram aqueles que participaram da elaboração do
PPP há alguns anos, no capítulo seguinte abordarei a respeito da estrutura e do contexto da
escola.
28
3. Contexto da Escola Estadual Prof.ª Benedita de Castro Lima
3.1. Aspectos estruturais
Nesse momento do texto abordarei algumas reflexões em torno da minha experiência
enquanto estudante em um curso de formação de professores, mais especificamente a partir das
vivências dos estágios supervisionados do curso de Ciências Sociais, no Instituto de Ciências
Sociais da UFAL.
Meu primeiro contato com a Escola Estadual Professora Benedita de Castro Lima, para
execução de minhas atividades de estágio supervisionado, ocorreu no ano de 2014, se
estendendo até o ano de 2015 para desenvolvimento das atividades dos estágios enquanto
componente curricular obrigatório do curso. Também voltei a escola no ano de 2017, momento
no qual realizei uma atividade referente à disciplina de Projetos Integradores 3. Na ocasião,
aproveitei meu retorno à escola e realizei uma entrevista com o diretor João 10 que naquele
momento me apresentou as novas propostas da escola, com o Plano de Ação que estava sendo
posto em prática11.
Como mencionei anteriormente, a referida escola funciona na R. Santa Rita, S/N, no
bairro do Clima Bom, em Maceió - AL, a mesma iniciou suas atividades em 2003. Durante o
período da pesquisa, a escola atendia a 2.070 alunos.
A partir da observação de alguns elementos durante a experiência do estágio, que não
fizeram parte apenas das dinâmicas de sala de aula, percebi que a escola, por se situar em um
bairro periférico, se tornou um espaço de construção no qual a diversidade cultural é valorizada,
uma vez que a escola é vista como ambiente de interação, de confrontos de ideias e costumes, o
que possibilitou um crescimento social e cultural.
Por vezes, sem maiores perspectivas, os alunos da escola acabavam sendo penalizados
diante da situação econômica e social do meio que estão inseridos. Segundo o Diretor João, esta
é a realidade que atinge boa parte dos alunos da Escola Profª Benedita de C. Lima, o que tornar
o trabalho escolar difícil, no qual o professor, na maioria das vezes, não está preparado para
10
Durante a realização dos meus estágios a escola estava passando por um período eleitoral, estavam em processo
de escolha da nova direção, desta forma os dados apresentados foram coletados com dois Diretores que chamarei
de Diretora Maria que me recebeu de braços abertos e colaborou com a pesquisa inicial feita para compor os
relatórios de estágios, nos ano de 2014 e 2015, e em um segundo momento, com o Diretor João que também me
recebeu muito bem e colaborou com os esclarecimentos para que este trabalho pudesse ser realizado e com o qual
realizei maior parte de meus contatos. Vale salientar que tais nomes são fictícios não correspondendo aos nomes
reais dos interlocutores.
11
O referido Plano de Ação pode ser observados no anexo deste TCC.
29
lidar com os problemas em suas aulas. Diante disso, é preciso refletir sobre as dificuldades dos
alunos e buscar soluções. De acordo com Libâneo (1985) a escola tem por principal tarefa, na
nossa sociedade, a democratização dos conhecimentos garantindo uma cultura de base para
todos os indivíduos.
Em relação à educação, em nosso estado, o professor é o elemento fundamental na
formação de crianças e jovens, porém, dentro da escola, este frequentemente se angustia, pois
lhe é cobrado muito além de sua área de conhecimento, como o conhecimento acerca da
utilização de novas tecnologias, sem ao menos serem ofertados cursos que possam passar
segurança para que o professor possa fazer uso dos mesmos, conforme podemos observar no
conjunto de trabalhos que tratam da precarização do trabalho docente.
Durante minhas observações meus interlocutores destacavam que, o tamanho da escola
geralmente está relacionado ao número de problemas, ou seja, quanto maior a escola maior a
quantidade de problemas a serem sanados. Segundo o Diretor João, um dos problemas que se
enfrenta atualmente é o déficit no quadro de funcionários em relação ao número de alunos
atendidos, de acordo com ele a substituição de um funcionário em licença médica demora, ou
não acontece, prejudicando todo o trabalho escolar.
De acordo com o Diretor João mesmo diante das dificuldades encontradas no cotidiano
da vida escolar, os que fazem à Escola Estadual Professora Benedita de Castro Lima buscam
obter um bom resultado referente a aprovação de estudantes em vestibulares e no avanço dos
alunos de uma série para outra. Ele ainda sinalizou que o número de retidos e desistentes é
maior no turno noturno, refletindo bem a realidade dos alunos de cada período, posto que os
alunos da tarde, em sua maioria, são mais jovens e possuem as manhãs e noites livres para se
dedicarem aos estudos, sendo poucos os que trabalham, e quando isso ocorre é apenas em meio
período. Para o João, quando o aluno decide por estudar à noite, é porque o trabalho é
fundamental na sua vida e a escola não é mais a única atividade relevante, e se o mesmo tiver
que optar entre o trabalho e o estudo, o trabalho será o escolhido.
Nas minhas observações na referida escola pude verificar que os professores do quadro
são conhecedores da dinâmica social dos estudantes que frequentam a escola e sabem quais as
características de cada período, ofertando um trabalho adequado as especificidades das turmas
e turnos, por exemplo, no horário noturno fui informada, pela professora que me acompanhou
nos estágios 3 e 4, que as aulas eram ministradas em 30 minutos, tudo muito corrido, por conta
do horário, da ida para casa, a localização da escola não favorece, sem mencionar que os alunos
do noturno chegam na escola depois de um dia inteiro de trabalho, a grande maioria deles
trabalham, diferente dos estudantes do turno matutino e vespertino, nos quais as aulas
30
costumam seguir rigorosamente o horário. Sendo assim, apesar das dificuldades no dia-a-dia,
pode-se considerar que os resultados finais são bons, mas conscientes que se deve buscar
sempre novos caminhos para obter uma educação de qualidade, aproximando-se do dia a dia
daqueles que possuem mais dificuldades e adequando as demandas às necessidades observadas
na escola.
Pensando na qualidade da formação do professor, direito adquirido na LDB, o Estado
tem oferecido cursos de formação continuada no decorrer do ano letivo pela SEE/AL em
parceria com a Universidade Federal de Alagoas e outras instituições de ensino do Estado,
porém, tais cursos são ofertados para professores concursados, deixando de comtemplar os
monitores. A partir de minha experiência nessa escola, durante a realização dos primeiros
estágios, realizados ainda em 2014, existiam dois professores de Sociologia na escola, um deles
concursado, recém empossado, e ou outro monitor, já no segundo momento do estágio, no ano
de 2015, os dois professores eram monitores, quadro este, que no ano de 2017 se repetia,
quando voltei a escola para desenvolver as atividades relacionadas a disciplina de Projetos 3 e
para pesquisa, o quadro de professores se mantinham da mesma forma, os dois professores de
Sociologia eram monitores.
Em relação à infraestrutura da Escola Estadual Prof.ª Benedita de Castro Lima,
considero que esta precisaria de ampliação/adequação/reforma, por acreditar que um ambiente
climatizado, com boas acomodações e acolhedor favorece o bem estar e influenciam assim no
processo de aprendizagem. Embora essa seja uma meta do Plano de Ação da escola como
podemos observar abaixo:
É sabido que condições de trabalho atraentes como salas climatizadas, iluminação
adequada, acústica boa onde o professor não tenha que elevar o tom de voz a exaustão,
tendem a melhorar o clima escolar, enquanto que prédios negligenciados tendem a
encorajar o vandalismo e desmotivar os profissionais e os alunos.
Melhoramento das condições físicas das salas, proporcionando melhor aprendizagem aos
educandos e oferecendo local de trabalho mais agradável ao professor e visando uma
forma de garantir a segurança, reduzindo o índice de vandalismo como pichações, vidros
e portas quebrados; Valorizações do profissional que se dedica aos trabalhos pertinentes a
sua função. (Plano de Ação p.5, 6).
A partir de minha experiência com o estágio pude perceber que é importante
analisarmos os indicadores de qualidade da instituição e observar que a escola é uma
organização, sendo necessário que as funções de apoio administrativo e setores especializados
funcionem de modo a proporcionar melhores condições de aprendizado, de atendimento ao
aluno e professores no espaço escolar, tendo em vista que a escola precisa avançar no campo
pedagógico, observando os fatores internos e externos que podem contribuir ou que precisam
31
de intervenção. De acordo com o Plano de Ação da escola, para que haja qualidade se faz
necessário organizaar os registros escolares, preservar o patrimônio escolar, interação
escola/comunidade, comprometimento por parte do grupo gestor no ambiente pedagógico com
foco para melhorar o currículo e a prática em sala de aula dos professores de forma contínua e
que não fique restrito apenas a parte burocrática da Escola.
Em relação a organização burocrática e pedagógica, poderia dizer que tudo é bem
organizado, porém, como nem tudo é perfeito, existe uma grande desorganização na
biblioteca, acredito que pelo fato de não ter um profissional responsável pelo setor, nos
momentos em que estive na escola os livros estavam espalhados, encontrei dificuldades de
acesso quando entrei na mesma para pegar o livro didático.
Quanto a preservação da escola existe um recurso de um valor X que é destinado a
pequenas despesas, a escola procura utilizar este recurso para realizar pequenos reparos com o
objetivo de sanar o problema enquanto pequeno para que não venha tomar maiores
proporções, uma das diferenças que notei na terceira visita a escola foi os muros aos
arredores, antes pitados com artes dos alunos (no ano de 2014 e 2015), em 2017
encontravam-se pintados com uma única cor e com várias pichações que reflete a realidade do
bairro a qual a escola está inserida.
A Escola em análise tem seus problemas específicos por ocupar um espaço amplo com
bastante área livre, o que impossibilita um controle maior das dependências da escola, pela falta
de funcionários efetivos. Segundo o diretor João, em uma entrevista realizada em 2017, a área
construída já não era suficiente para receber todos os alunos do bairro Clima Bom II, que estão
à procura de vagas, e a mesma encontrava-se lotada não disponibilizando de um número de
vagas suficientes para atender a comunidade, o que fazia com que alguns estudantes buscassem
de escolas mais distantes.
Considerando a estrutura da escola poderia dizer que existem vários espaços como: (sala
de apoio, sala de recursos, sala de vídeo e artes) que poderia agilizar a ação do professor e
oferecer comodidade aos alunos, oportunizando sua construção do conhecimento. Porém, para
o desenvolvimento de trabalhos diferenciados falta capacitação técnica para os profissionais,
nem todos os professores sabem utilizar os recursos disponíveis na escola, para que assim
possam colocar em prática aulas mais criativas e produtivas.
A escola possui uma ampla área com jardins, alguns assentos que servem para os alunos
se reunir nas horas livres. A necessidade de maior número de funcionários é bastante destacada
pelos funcionários da escola, principalmente no quadro de serviços gerais, pois se trata de uma
32
escola com uma área extensa e não há como garantir a segurança e permanência total dos alunos
em sala de aula com um espaço tão amplo à disposição dos educandos.
Como mencionei anteriormente, a escola possui 17 salas de aula e conta com uma
biblioteca com um bom número de obras literárias, porém há a necessidade de materiais mais
atualizados, o que facilitaria o contato de professores e alunos com as produções mais
contemporâneas. Existe a necessidade de profissionais capacitados para trabalhar na biblioteca,
já que a mesma está sempre fechada, outro ambiente que demanda por investimentos é o
laboratório de Ciências, embora o mesmo atenda às necessidades básicas para as aulas práticas,
é visível que existe demanda pela aquisição de mais equipamentos e instrumentos para que o
trabalho não se limite às experiências básicas como amostras do corpo humano, a reação de
materiais químicos.
Outro ambiente importante da escola é o laboratório de informática, embora o mesmo
exista, falta capacitação para os professores, com cursos de formação técnica, que preparem o
professor para lidar com tais tecnologias, novos desafios, orientações permanente e atualizada,
pois o que observei é que nem todos utilizam esse espaço, isso se dá muitas vezes por
desconhecerem a grandeza deste recurso pedagógico que permite aos alunos momentos de
pesquisa e de estudo.
As mudanças na sociedade ocorreram em grande velocidade e vemos que muitas vezes a
escola não consegue acompanhar tais processos, por isso os novos modelos de educaçãoo que aí
estão, exigem uma atuação mais consciente e reflexiva sobre a atuação pedagógica do
professor, como menciona Almeida.
A dimensão tecnológica ultrapassou muitas barreiras e está presente em quase todos os
momentos da nossa vida cotidiana. Vivemos em um mundo interligado, estamos presos
em um emaranhado de informações, vivemos em rede, conectados. Nós, como
profissionais da educação, temos o papel de compreender essas transformações sociais e
deste processo extrair elementos que possam contribuir com o processo educacional, ou
seja, a partir desse contexto, extrair elementos e instrumentos que possam melhorar as
formas de ensinar Sociologia hoje. (ALMEIDA, 2013, p. 2)
O professor, como a maioria dos seres humanos, teme as mudanças, fica receoso em
fazer uso das novas tecnologias, dos novos recursos, resistindo muitas vezes em aceitar a
inovação, que precisa estar presente no cotidiano da escola. São os desafios que se propõem aos
alunos que possibilitam a construção e reconstrução do conhecimento e como consequência
surge a capacidade de aprender.
Almeida (op cit, p.02) salienta que “na prática, o professor deve observar o que pode ser
usado como instrumento tecnológico para diversificar o processo de ensino-aprendizagem”.
33
Tendo em vista que para a efetivação de um bom aproveitamento, o professor precisa ousar em
suas práticas, aprender com os alunos, não temer resultados, saber inovar, criar e recriar na
orientação do educando. As práticas arcaicas das aulas tradicionais ainda persistem onde os
processos de ensino se limitam ao quadro, giz e apagador, e o professor é visto como
transmissor e o aluno como receptor do conhecimento, é necessário, que haja empenho para
mudanças, partindo das esferas nacionais e estaduais de ensino.
Os professores têm acesso as modernas teorias de educação com cursos de
aperfeiçoamento que são oferecidos pelo Estado, porém, à prática ainda não é realidade aos
professores que acompanhei, os mesmos não utilizaram nenhum outro recurso além do livro
didático, quadro, giz e apagador. O primeiro professor que acompanhei não chegou a realizar
nenhum curso de aperfeiçoamento, sua estadia na escola não durou muito tempo, o mesmo
passou em um concurso de uma instituição federal com dedicação exclusiva e logo pediu
exoneração do cargo que ocupava na escola, o outro professor era monitor, fato este que o
impedia de realizar os cursos ofertados pela SEE. Como observei durante a permanência na
escola, muitos professores resistem a utilização dos recursos que a escola disponibiliza, como
aulas interativas, mais dinâmicas, temendo perder o controle da situação e sua autoridade
perante os alunos. Outros estão abertos às mudanças, mas encontram barreiras para a execução
de novas práticas, pois os cursos que são ofertados de formação continuada, faltam um
aperfeiçoamento mais voltado para questões técnicas como: utilização do laboratório de
informática, cursos que preparem os professores para utilização da novas ferramentas
tecnológicas disponíveis nas escolas.
Durante a pesquisa ficou claro o comprometimento dos gestores da escola com a
educação e o pluralismo de ideias, a escola busca sempre o melhoramento das ações que são
realizadas, visando a construção de um cenário no qual “possam oportunizar um conhecimento
mais específico, utilizando um currículo flexível capaz de analisar, discutir e conhecer os
interesses de uma comunidade educativa e de um mundo em real transformação, no qual os
conhecimentos estão em constante reconstrução” (Diretor João, entrevista realizada no dia
10/04/2017).
Naquela escola a relação entre todos que participavam do processo educativo é aberta e
participativa, de acordo com o Plano de Ação, a escola se enquadra na gestão democrática, o
favorecia o envolvimento de todos os segmentos que compunham a comunidade escolar no
gerenciamento de avanços pedagógicos, compromisso com as ações planejadas (projetos,
programas, atividades escolares, etc), busca pela redução da evasão escolar e melhorias no
desempenho pedagógico dos alunos. Durante minhas observações percebi que todos que faziam
34
parte da administração da escola estavam muito engajados com os projetos que aconteciam
naquele momento, e empenhados em desenvolver as atividades designadas para cada um deles,
Segundo consta no Plano de ação, ao final de cada bimestre são realizadas reuniões para a troca
de informações, entre os gestores e equipe pedagógica. Durante minha permanecia na escola
não presenciei tal ação.
Na pesquisa que realizei em 2017 para a disciplina de Projetos Integradores 3, a direção
deixou claro que a atuação dos pais não é diferente daquelas que acontecem na maioria das
escolas. O mesmo destacou que na luta pela sobrevivência, pai e mãe trabalham fora às vezes
cumprindo jornadas de trabalho que ocupam todo o seu tempo, sobrando pouco tempo para os
filhos, desta forma, pouco participam da vida escolar, embora tenha mencionado existir
exceções. “Poucos são os pais que participam das reuniões da escola, alguns mesmo com suas
ocupações, não deixam de participar desta etapa de formação na vida de seus filhos atendendo à
escola sempre que necessário” (Diretor João, entrevista realizada no dia 10/04/2017).
A Associação de Pais e Mestres é um projeto que começou a ser posto em prática nos
anos de 2016 - 2017, visando a participação dos pais contribuindo com opiniões e sugestões nas
reuniões e nos eventos realizados na escola. A criação da associação tem o objetivo de trazer os
pais para as atividades dentro da escola.
3.2. Objetivos políticos-pedagógicos da escola
O Plano de Ação da Escola foi elaborado pelos diretores João e Rogério, junto com a
coordenação pedagógica da escola no ano de 2016, visando ser utilizado no ano de 2017. O
mesmo tem por objetivo promover uma educação de qualidade voltada para as necessidades da
comunidade escolar, contribuindo para a construção de uma sociedade plena de direitos e
deveres, através de uma articulação entre os diversos tipos de saberes por ela reconhecidos
como:
...Ø Atualização dos professores em sua prática docente, estimulando a discussão em
grupos de ação pedagógica coletiva, socializando experiências e colocando em prática
novas ideias e metodologias do processo ensino-aprendizagem...
Ø Promover e viabilizar o desporto e o lazer fomentando escolinhas de diversas
modalidades esportivas, realizando competições Inter classe e participar de competições
em nível municipal e/ou estadual. (Plano de Ação, 2016 p.03)
A escola, em algumas situações desempenha um papel fundamental para as dinâmicas
de sociabilidade da localidade onde está situada, esse é o caso da escola Profª Benedita de C.
35
Lima, os gestores que atuam na mesma estão sempre buscando apoiar a comunidade, um
exemplo são os projetos em cujos quais nos finais de semana abre suas portas para realização de
eventos da comunidade como: ensaios de banda fanfarra, quadrilha, aulas de capoeira, e entre
outros.
De acordo com o Diretor João, a Escola tem, por finalidade principal, a formação de
cidadãos capazes de interferir criticamente na realidade social em que vivem, de tal modo que a
transformem. O Plano de Ação, pensado e elaborado no ano de 2016 para ser posto em prática
no ano de 2017, tem por finalidades desenvolver o aluno para uma percepção da sociedade, tem
o objetivo de possibilitar aos alunos, meios para agirem diante das adversidades.
Ao observar o Plano de Ação da escola considero que de acordo com tal documento, o
processo educacional visa possibilitar aos alunos, a construção e reconstrução de
conhecimentos exigidos na atualidade de modo que os levem a responsabilidade e consciência
profissional, favorecendo a análise crítica, a compreensão e intervenção nos fenômenos sociais
e culturais, possibilitando aos alunos usufruirem das manifestações culturais nacionais e
universais. No momento de meu retorno a escola, em 2017, pude observar que a mesma passou
a fazer parte do projeto do governo, promovendo o ensino médio profissionalizante com o curso
de informática. A quadra de esporte que até o ano de 2015 era apenas projeto se tornou
realidade na escola, nela acontecem grandes eventos junto com a comunidade, como:
casamentos coletivos, governo intinerante para retirada de documentos, jogos internos, projetos
literários que antes eram desenvolvidos no pátio da escola.
No Projeto Político Pedagógico da escola, através da gestão participativa em
consonância com os segmentos que envolvem a escola para tomada de decisões, as ações
educacionais foram repensadas e atualizadas dando vida aos projetos individuais e coletivos.
As ações educacionais realizadas, proporcionam um cenário de integração aos sujeitos
dedicados ao desenvolvimento de ações pedagógicas com o objetivo de adquirir novos
conhecimentos.
Segundo Veiga (1998), o PPP auxilia na melhoria da qualidade do ensino, ele vai além
de um simples agrupamento de planos de ensino e de atividades, ele é o plano global da
instituição, deve ser absolutamente singular. É a sistematização de um planejamento
participativo, ele é a própria organização do trabalho educativo, deve ser o rumo que a escola
perseguirá durante algum tempo. Como salienta o diretor João:
A existência de alunos, educadores e recursos disponíveis não garantem o resultado final
da obra. Por isso, é que o projeto se insere como uma dimensão fundamental e
integradora no âmbito educacional viabilizando a construção que se quer erguer, na
36
dimensão social, política e tecnológica da educação. (Diretor João, entrevista realizada
em 10/04/2017)
Tal ideia também pode ser observada no Plano de Ação elaborado em 2016, quando se
chama atenção para a importância de se construir uma escola agente de mudança social.
O Projeto tem a função articuladora, identificadora, retro alimentadora e ética. Para
atingir a meta desejada, à escola tornar-se um dos agentes de mudança social e
constitui-se num espaço de participação de toda a comunidade escolar, tendo como eixo a
gestão democrática e participativa, garantindo respeito a todos. A gestão democrática
será viabilizada através da participação individual, mas principalmente através dos canais
coletivos de participação. Dessa forma, será incentivada e apoiada a organização de
Grêmio Estudantil e o fortalecimento do Conselho Escolar como Unidade Executora dos
recursos financeiros da Escola. (Plano de ação 2016 p, 03).
A Escola Estadual Professora Benedita de Castro Lima, se apresenta e atua como centro
de estudo e formação, inserido num cenário marcado pela diversidade de suas próprias
contradições. A natureza processual da educação faz do Plano de Ação um instrumento de
trabalho, ainda que provisório, para a realização da missão e dos ideais da instituição.
O Plano de Ação foi pautado com intuito de articular os projetos da escola: PPP, PDE,
Regimento Escolar, Conselho Escolar e Educação Inclusiva, buscando envolver a
comunidade escolar, família, alunos; primeiramente num clima de colaboração,
participação e inteiração, de modo que todos se sintam envolvidos e parte integrante do
processo educacional, buscando juntamente com a equipe gestora soluções para melhoria
do processo ensino-aprendizagem que deve ser fator primordial numa Unidade Escolar.
Segundo Marques (1981), a participação de todos nos diferentes níveis de decisão e nas
sucessivas fases de atividades é essencial para assegurar o eficiente desempenho da
organização. A flexibilidade de pessoas e da própria organização permite uma
abordagem aberta, facilitando a aceitação da realidade e permitindo constantes
reformulações que levam ao crescimento pessoal e grupal. Neste sentido, as ações
desenvolvidas para realização do trabalho na escola têm o objetivo de melhorar a
qualidade do ensino e da aprendizagem, atendendo aos anseios dos segmentos, visando
uma gestão firme e objetiva com enfoque participativo. (Plano de ação, 2016, p.02)
As relações desenvolvidas na comunidade escolar têm se construído de forma saudável
e responsável, ficando bem definidos os direitos, deveres e os papéis de cada um, sempre em
busca de estabelecer parcerias e trocas de conhecimentos, buscando no outro seus interesses e
necessidade. A escola está sempre buscando formas de trazer a comunidade para interagir e
trazer a comunidade para si, maneira que a mesma encontrou para tentar sanar parte de suas
dificuldades em ralação a violência que a cerca. São desenvolvidos vários projetos com este
intuito, escola aberta que aos finais de semana tem aula de capoeira, ensaios de banda fanfara
do bairro e outras atividades.
É nos espaços de reflexão, como departamentos, planejamentos, jornadas e encontros
pedagógicos, que serão discutidos pelos professores os propósitos de sua prática
37
educativa. “A relação com o saber pode, portanto, ser definida como uma forma de
relação com os processos (ato de aprender), com os produtos (os saberes são vistos como
competências adquiridas, como objetos institucionais, culturais e sociais) e com as
situações de aprendizagem”. (Diretor João, entrevista realizada no dia 10/04/2018)
Neste ponto a gestão escolar tem papel fundamental, visando um melhor trabalho dentro
da escola, a mesma está sempre buscando melhores formas de agir e mecanismos para alcançar
os objetivos desejados. Podemos visualizar isso à partir do momento em que a mesma entende
que, para estabelecer uma boa convivência necessita de todos os agentes envolvidos no
processo e busca maneiras para este engajamento. Percebo um esforço em fazer com que a
escola cresça e avance rumo a grandes realizações.
3.3. Metodologia de ensino na escola;
Existe uma complexidade quanto à articulação da teoria e a prática; essa é uma realidade
que vem sendo enfrentada pelos educadores, na busca para compreender melhor o trabalho
docente. De acordo com o João, ao final de cada bimestre são realizadas reuniões para se
discutir os resultados obtidos como: avaliações, rendimentos, os objetivos alcançados, o que se
conseguiu colocar em prática, onde tem que melhorar para alcançar o que foi planejado,
momento que considero muito proveitoso já que nestes encontros todos os segmentos da escola
se fazem presentes, pais, alunos, professores, funcionários, afinal a gestão democrática implica
na união e no compartilhamento de ideias em prol de um mesmo objetivo.
Na Escola Estadual Professora Benedita de Castro Lima, a matriz curricular é
organizada de acordo com orientações da Coordenadoria de Ensino e baseada na realidade da
escola e necessidades dos alunos, esse processo está sendo aprimorado com vistas a adaptação
da proposta de trabalhos ao currículo trabalhado e efetivado na matriz curricular, pois devido a
carência de professores na Rede Estadual de Ensino, a escola procura adaptar o trabalho
considerando essas particularidades.
A organização dos espaços na escola, segundo a Direção, “está pautada na necessidade
de oferecer aos alunos um ambiente capaz de lhes dar melhores condições para aquisição do
conhecimento trabalhado, para isso, as turmas estão organizadas pela idade com objetivo de
respeitar o tempo de cada um deles” (entrevista realizada com João no dia 10/04/2017).
Contemplando no turno matutino somente o ensino fundamental, nos períodos vespertino e
noturno, as demais modalidades, o ensino médio regular, a modalidade EJA e o Ensino Médio
Integrado à Educação Profissional.
38
As turmas do diurno geralmente são compostas de no máximo cinquenta alunos nas
séries finais, isto se deve ao fato de a escola está situada no bairro Clima Bom II que é
extremamente populoso. O diretor também ressaltou que o período de matrícula acontece
sempre ao final de cada ano letivo, bem como as renovações dos alunos que fazem parte do
quadro de alunos da escola geralmente ocorrem antes do encerramento do ano letivo, visando à
organização das vagas para o ano letivo posterior. Todo esse trabalho é organizado pela
secretaria da escola e acompanhado pela “comissão de matrícula previamente definida,
entendendo que a busca por vagas é muito grande e a oferta é mínima em consequência do
baixo número de alunos evadidos anualmente”. (Diretor Joao, entrevista realizada em
10/04/2017)
A organização da escola é importante tendo em vista que o PPP foi transformado em
Plano de ação com o objetivo de simplificar as metas e torná-las alcançáveis, um desafio a ser
enfrentado pela escola, que mesmo diante de dificuldades, com a falta de profissionais mais
preparados, a não substituição dos que entram em licença, segue com seu projeto de
transformação, acreditando em jovens e adultos comprometidos com a sociedade capazes de
pensar e mudar a realidades em que vivem.
O capítulo seguinte é o relato sobre minha experiência enquanto aluna em processo de
formação, contarei um pouco do que presenciei na sala, na escola, como se deu a construção das
atividades e o acompanhamento das aulas.
39
4. Minha trajetória enquanto estudante em um curso de formação de
professores.
4.1. A experiência dos estágios: a observação
Quando me matriculei na disciplina de Estágio 1 e 2 não fazia ideia do que viria pela
frente, da quantidade de problemas que surgiriam durante a trajetória que teria que percorrer.
No segundo semestre de 2014, quando dei início a minha jornada de observação na escola, já
vivenciei de perto e pude sentir o que é você querer estudar sobre sua prática, está ansioso para
pôr em prática tudo que você aprendeu até aquele momento na universidade.
Eis que surge minha primeira barreira: o estágio estava sem professor orientador.
Passaram-se 3 semanas aguardando a chegada do professor que viria para assumir o
componente curricular. Cenário que reflete bem os desafios diários que as Universidades
passam ao longo dos anos, a falta de investimentos tanto nas questões estruturais como de
materiais básicos, até o ser que se faz essencial para educação e formação dos profissionais o
professor. Quando o professor chegou ao Instituto de Ciências Sociais, nos deparamos com a
burocracia, que não era pouca, só poderíamos ir a campo mediante a entrega da documentação
que demorou um pouco para chegar, levando o professor orientador a nos sugerir que fossemos
fazendo contato com as escolas para fazer os acertos necessários para a realização do estágio
enquanto a documentação não chegava. Após a chegada da documentação pude finalmente
começar as atividades de observação na escola, e mais especificamente das aulas de sociologia.
Quanto ao meu ingresso no campo escolar, iniciou-se em agosto de 2014 quando entrei
em contato com a Diretora Maria, no momento solicitei junto a ela a autorização para que eu
pudesse realizar naquela escola meu primeiro estágio, em seguida fui direcionada ao professor
para saber se o mesmo aceitaria orientar um estudante, fizemos alguns acertos e ficou acordado
que as observações aconteceriam durante as aulas das sextas-feiras, e que em minhas primeiras
idas só teria acesso às aulas mediante a presença do professor.
Nos estágios 1 e 2, ambos realizados na Escola Estadual Profª Benedita de Castro Lima,
foram desenvolvidas as seguintes atividades: Observação do ambiente escolar visando
conhecer a estrutura da instituição de ensino, bem como o perfil do professor de ciências sociais
e da turma, no caso, do 3° ano “B”, analisando a relação professor-aluno, tais avaliações
serviriam de base para realização da regência. Durante minha permanência, em um dos
encontros, o Professor Carlos, iniciou a aula fazendo algumas ponderações a respeito de um
40
trabalho solicitado pela direção aos alunos que posteriormente teriam que apresentar em um
evento interno da escola que iria compor uma das notas da avaliação bimestral. Este trabalho
era um dos projetos que a escola estava desenvolvendo no momento intitulado de Exposição da
Escola Profª Benedita de Castro Lima “Expo BCL” seria uma exibição sobre a África, dentro
deste projeto a turma ficou responsável pela temática “Diversidade Cultural e Racismo”.
Após as observações sobre o projeto Expo BCL, o professor deu início a discussão
prevista para a aula, acompanhando o capitulo 17, do livro Sociologia para o Ensino Médio,
“Os movimentos Sociais no Brasil”. Na discussão o professor abordou o contexto de
exploração colonial, visto como pano de fundo das tensões sociais; rebeliões nativistas e
separatistas; resistência indígena na colônia; formação do quilombo dos Palmares;
aprofundamento das desigualdades sociais no período imperial, tais questões foram postas
através de um debate.
Observei as atividades daquela turma durante um período de 3 meses, com encontros
semanais. Naquele momento, pude verificar a participação dos alunos, eles estavam sempre
interagindo com o professor e com os colegas, algumas das aulas percebi a fluência de debates
muito proveitosos e enriquecedores. Uma das aulas que mais me chamou a atenção foi onde o
professor tratou de movimentos sociais, expôs ao aluno que os confrontos sociais são sempre
confrontos políticos, mais que também existem movimentos que tem como finalidade
desenvolver ações que favoreçam a mudança da sociedade como base do princípio
fundamental. Relembrou em sala de aula alguns acontecimentos que estão muito recentes na
cabeça da sociedade como o movimento LGBT e as mobilizações que estão acontecendo em
nosso país, a aula ficou muito produtiva e dinâmica, com uma excelente participação dos alunos
expondo suas opiniões, debatendo sobre o tema enfim, foi uma aula muito produtiva
Percebi que é necessário conhecer quem são os alunos, qual o perfil da turma dentro de
uma análise geral, levando em conta a localização geográfica da escola, o nível sócio e
econômico, a filosofia da escola e a época em que vivemos, considerando os fatos mais
relevantes para a sociedade e, especificamente, para eles, considerando seus objetivos e
diferentes realidades e interesses. Não esquecer a responsabilidade de estar a frente de uma
classe, constituída por jovens em formação escolar, prestes a terminarem o ensino médio e
iniciarem novos desafios, sejam eles profissionais ou universitários.
Já em um segundo momento, no ano de 2015, no início de abril, me dirigi novamente a
escola para que pudesse realizar os estágios 3 e 4. Diferente dos dois primeiros estágios
realizados no ano anterior, me deparei com a triste realidade das escolas em nosso Estado, ao
chegar na escola fui informada que a mesma estava sem professor para lecionar a disciplina,
41
pois o contrato dos monitores acabou e não tinha sido renovado, e até a presente data a
Secretaria de Educação não tinha enviado um profissional para substituir os monitores. Este
fato me deixou muito indignada visto que a Lei nº 9.394/96 estabelece como uma das
finalidades centrais do Ensino Médio a construção da cidadania do educando, evidenciando
assim, a importância do ensino da Sociologia no Ensino Médio. Iniciava aí uma nova jornada
em busca de uma outra escola para a realização de minhas atividades de estágio, foi então que
encontrei a Escola Estadual Salete Gusmão, a qual me informou que possuía apenas uma
professora de Sociologia, mas que naquele momento estava de atestado médico. A dura
realidade por qual passa as escolas em nosso estado, deixa claro os desafios pelo qual a
disciplina de sociologia passa, desde suas primeiras aparições, a instabilidade no cenário da
educação. Desde a carências de profissionais na área ao material didático, que só conseguiu
aprovação bem recente no ano de 2012. Todo este cenário fez com que a mesma ficasse meio
que de lado, para dar lugar a outras disciplinas tidas como essencial para formação do aluno, a
meu ver deixando a desejar na formação humanística direito este resguardado pela LDB.
Em meados de abril resolvi voltar a escola anterior onde realizei os dois primeiros
estágios, ao chegar na escola no dia 22 de abril, fui informada que a Secretaria de Educação
havia enviado um professor, é importante lembrar aqui que a carência continuaria, posto que
para suprir as necessidades da escola seriam necessários pelo menos 3 professores de
sociologia. Em paralelo às dificuldades postas na procura de uma escola para desenvolver o
estágio, existiam ainda as dificuldades dentro da Universidade, no momento, mais
especificamente no semestre 2015.1, a experiência com o estágio foi um pouco conturbada,
mais uma vez começamos o semestre sem professor para acompanhar as atividades, existia a
possibilidade da mesma ser retirada do referido semestre letivo pois estávamos no aguardo do
professor que passou em uma seleção, porém ainda faltava realizar a entregar da documentação,
para então poder assumir a vaga e iniciar as atividades com a turma. Diante de tantas
dificuldades encontradas no percurso, percebi o quanto nosso sistema de ensino é defasado,
pude notar que o problema de falta de professor não acontece apenas nas Escolas de Ensino
Médio, mas que este problema também está presente nos outros níveis de escolarização, como
foi o caso do nosso curso de graduação de Ciências Sociais. Com isso observamos o quanto
nosso sistema educacional precisa de mais investimentos, para que situações como esta não
venham a se repetir, e que se possa oferecer uma educação pública de qualidade.
As atividades desenvolvidas nos estágios do curso de Ciências Sociais foram muito
proveitosas, foi o momento no qual consegui entender melhor o que é ser professor, com suas
dificuldades e principalmente suas responsabilidades. Também ficou claro que é necessário
42
realizar um constante aperfeiçoamento, com novas técnicas e muita leitura teórica, para poder
satisfazer as dúvidas e curiosidades dos alunos, bem como as minhas, enquanto futura
licenciada em Ciências Sociais que me deparava naquele momento tendo que lançar mãos de
saberes que não são apenas curriculares. A necessidade de um planejamento e uma
reestruturação das formas de agir na educação, nas quais os conteúdos estejam adequados a
realidade vivida pelos alunos, e os objetivos de formação estejam conectados com a
necessidade de formar sujeitos capazes de entender e viver num mundo marcado pela
diversidade, buscando orientações das práticas educativas, trabalhando a interação com
diferentes grupos culturais, estimulando a entrada no mundo do "outro" ficaram muito
evidentes na minha experiência de estágio. Por isso que é importante destacar que o saber
docente se faz também a partir das experiências o que demanda uma constante reflexão sobre
nossa prática, bem como a necessidade de aperfeiçoamento, como sinaliza Tozato citando
Behrens.
A essência na formação continuada é a construção coletiva do saber e a discussão crítica
reflexiva do saber fazer... os docentes precisam estar com vontade de mudar,
sensibilizados pela necessidade de transformar a ação docente, em busca de um ensino de
melhor qualidade. Ousa-se dizer que o docente precisa ser seduzido e seduzir-se para
buscar a renovação de sua prática pedagógica (BEHRENS, 1996 apud TOZATO, 2007,
p.04)
Como salienta o trecho acima, o professor precisa estar em constante aperfeiçoamento
para enfrentar as mudanças que ocorrem no dia-a-dia das escolas, precisa estar preparado para
as diversas situações que irão enfrentar, aperfeiçoar e incorporar as novas tecnologias às aulas,
buscando fazer das aulas tradicionais, aulas mais atraentes, despertando no outro o interesse em
conhecer e buscar cada dia mais e mais.
Assim, conforme destaca Brito (2010, p. 7) “a prática do(a) professor(a) requer a
reflexão na e sobre a prática e na demanda a mobilização de saberes heterogêneos, levando em
conta a singularidade do fazer pedagógico, permeado por instabilidades e conflitos de
diferentes naturezas”.
Trabalhar na área da educação, em especial na sociologia, construindo novos
conhecimentos através da discussão com meus professores, colegas e alunos, foi um enorme
aprendizado. Percebe-se que a docência não é uma tarefa simples, é cercada por desafios, e se
tratando do ensino de sociologia, as abordagens são diversas, desta forma o professor deve
apresentar os conteúdos de forma interdisciplinar, dando a possibilidade de um olhar crítico,
buscando despertar o interesse dos estudantes em se posicionarem diante das situações da vida.
43
Compartilharei um pouco de minhas experiências com a regência nas aulas de Sociologia,
durante os estágios supervisionados.
4. 2. A experiência dos estágios: a regência
Com relação a minha experiência em ministrar aulas, diria que a mesma foi muito
proveitosa, através dela pude vivenciar os desafios da dinâmica do trabalho docente, ver as
dificuldades e enfrentar os desafios diários que são provenientes da sala de aula. Em meu olhar,
os alunos se mostraram muito curiosos em relação a aula, sentimento que foi muito recíproco,
uma vez que estava também me avaliando enquanto estudante em formação para seguir uma
carreira docente. Em linhas gerais, acredito que consegui parte dos objetivos que pretendia com
os temas trabalhados em sala, uma vez que pretendia despertar nos estudantes o senso crítico e
fazer com que eles refletissem sobre a sociedade, podendo expressar suas opiniões.
Em comum acordo com a professora da disciplina, que me deu total liberdade para o
planejamento de minha aula, decidi trabalhar a temática “Trabalho e sociedade” a partir da
abordagem de Karl Marx. Meu planejamento ficou distribuído em duas aulas, no primeiro
encontro, realizei uma breve explicação sobre o assunto tendo em vista o curto tempo da aula
(não poderia ultrapassar os 50 minutos), desde a elaboração do plano de aula, já imaginei que
não teria tempo suficiente para fazer tudo que eu tinha planejado e que apenas uma aula não
seria suficiente então a aula foi dividida em duas etapas, por isso o planejamento é importante.
Na aula introdutória ao conteúdo apresentei aos estudantes os conceitos de mais-valia e
alienação, pedindo que para no nosso segundo encontro os alunos trouxessem para sala,
situações ou cenas do dia-a-dia deles que representassem os conceitos trabalhados em sala.
A aula objetivou retratar a percepção dos/as alunos/as quanto ao espaço em que
vivem no seu cotidiano dentro e fora da escola, como também promover a valorização desses
espaços como ambiente de convívio social. Através de debates em sala de aula, ressaltando a
importância dos ambientes com os quais o grupo se identificam. Desenvolver uma
capacidade de análise crítica e uma autonomia de pensamento. Ao compreender que cada
ferramenta pedagógica cumpre um papel específico no processo de ensino e aprendizagem,
tendo em mente que cada atividade cumpre com uma parte de um trabalho maior.
Na primeira aula foram apresentados os conceitos de mais-valia e alienação, com o
auxílio do livro didático utilizado pela professora, naquele momento (Sociologia em
Movimento), a aula aconteceu de forma expositiva e dialogada, tendo por objetivo demonstrar
44
como o capitalismo age no dia-a-dia dos trabalhadores, retirando deles o real valor do trabalho.
Após essa explanação mais teórico-conceitual, solicitei um trabalho aos alunos, deveria
fotografar cenas do seu cotidiano que retratassem os conceitos de Mais-valia e alienação para
serem discutidos na aula seguinte. Aqui pretendia usar a fotografia como uma ferramenta
pedagógica que permitiria a percepção das dinâmicas presentes do entorno da comunidade
escolar, bem como pretendia estimular um olhar críticos dos alunos. Considerando aqui a
fotografia enquanto uma importante aliada para a ampliação do olhar, principalmente do
universo do bairro. Neste trabalho os alunos foram convidados a valorizar os detalhes do
cotidiano, levando-os a refletir sobre sua identidade cultural, valorizando o local onde o aluno
está inserido, no qual ele mora ou trabalha, para ele conhecer e se reconhecer nesse espaço.
Na segunda aula, a turma foi dividida em grupos, nesse momento pedi para que eles
escolhessem uma imagem, distribuídos em grupos, um dos integrantes apresentaria um breve
discurso associando a imagem aos conceitos trabalhados em sala, na aula anterior, o que
possibilitaria uma revisão do conteúdo que foi ministrado, que a meu ver, seria mais uma
oportunidade de fixação do tema trabalhado.
Como já tinha percebido, lecionar não é uma tarefa fácil e é cercada por vários
desafios, somando-se a isso uma turma formada por adolescentes o desafio torna-se ainda
mais intenso. Mesmo assustada pelo novo papel por mim assumido, tudo ocorreu dentro do
meu planejamento, os alunos foram muito compreensivos, prestaram atenção e interagiram
de forma muito proveitosa, considerando o curto espaço de tempo que tínhamos. É provável
que essa atenção maior tenha se dado pelo fato de eu ser “diferente”, uma pessoa que, em
certa medida, estava ali de passagem e que na condição de alguém jovem despertava a
curiosidade deles em torno do que apresentaria para a reflexão.
Como não tive condições de realizar a avaliação das atividades nas duas aulas, a
atividade avaliativa ficou para um outro encontro, para tanto, solicitei que os mesmos
articulassem as fotos tiradas com os conceitos trabalhados, agora buscando outras fontes,
minha intenção era possibilitar a relação entre o conteúdo trabalho no livro didático de outras
fontes de pesquisa, na apresentação dos estudantes percebi que as respostas eram muito
curtas, demonstrando a falta de leitura e aprofundamento na temática trabalhada, além dos
que pouco falaram, aqueles que mais escreveram o fizeram reproduzindo o que estava
exposto nos livros ou mesmo na internet.
Um dos elementos que considerei bem positivo desta atividade foi a interação dos
alunos dentro da sala, possibilitando assim uma maior convivência entre eles na dinâmica das
aulas; Outro elemento foi a possibilidade de suscitá-los a conhecer melhor a realidade na qual
45
estão inseridos, já que neste momento os alunos tiveram que sair das limitações da sala e
fotografar cenas do cotidiano; Além disso, a proposta possibilitou uma maior interação com a
comunidade a qual eles estão inseridos, permitindo também uma abertura para que o aluno
pudesse demonstrar seus pensamentos e sua visão de mundo;
Porém, um dos maiores desafios para a execução desta proposta foi o curto tempo das
aulas, o que impossibilita um aprofundamento maior em relação ao tema trabalhado; além do
barulho externo que atrapalha a concentração dos alunos, a falta de recursos tecnológicos que
possibilitassem uma interação com as imagens mais interessante, lembrando que a escola
possui um data show mas, naquele momento estava quebrado. Quanto a condução das aulas não
surgiu nenhum imprevisto que atrapalhasse sua execução, claro que porque contei com o
auxílio tanto a professora responsável quanto os demais funcionários, a cooperação deles foi
muito importante para que as atividades fossem executadas.
Contudo, ficou claro que é necessário realizar um constante aperfeiçoamento, seja com
novas técnicas e muita leitura teórica, para poder satisfazer as dúvidas e curiosidades dos
alunos.
A partir das experiências adquiridas nos estágios, pude perceber que é fundamental para
o professor estar atualizado, estar bem preparado para poder lecionar, isso quer dizer, preparar a
aula, calcular bem o tempo de duração do período, examinar os termos e conceitos que serão
usados, dominá-los com clareza e certeza, nunca esquecendo a diferença de conhecimento
existente entre alunos e professor. Utilizar linguagem acessível e adequada, sem deixar de ser
moderno.
Na prática do ensino a formação do educador é de extrema importância para que ele
possa desenvolver todo um trabalho que exige conhecimento, interesse, dedicação e
planejamento por parte do mesmo, saindo da limitação das práticas tradicionais,
descontextualizadas, para uma formação autônoma, crítica e criativa, uma efetiva formação
cidadã que ele venha descobrir outra perspectiva, no reconhecimento da diferença e na
construção da igualdade para que atuem como agentes sociais e culturais a serviço da
construção de sociedades mais democráticas e justas.
Todos esses aspectos são importantes, na formação docente. A necessidade de um
planejamento e uma reestruturação das formas de agir na educação, nos quais os conteúdos
estejam adequados a realidade vivida pelos alunos e os objetivos de formação estejam
conectados com a necessidade de formar sujeitos capazes de entender e viver num mundo
marcado pela diversidade, busca orientações das práticas educativas, trabalhando a interação
com diferentes grupos culturais, estimulando a entrada no mundo do "outro".
46
A prática docente possibilita ver de outra forma alguns elementos já conhecidos por nós,
apesar da distância entre discurso e prática, a teoria e a prática deveriam ser elementos
inseparáveis. É no cotidiano da sala de aula que podemos pôr em prática nossos conhecimentos
e avaliar nossas limitações. O momento de realização dos estágios é um momento muito
importante e propenso a realização de pesquisas que objetivem problematizar os desafios do
fazer docente, os desafios da interação entre teoria e prática.
A partir de minhas observações no estágio, percebi também a importância do
trabalho do professor, posto que o mesmo tem um papel central na formação do aluno, visto
que, além de fornecer subsídios técnicos para o desenvolvimento de seu trabalho, constitui
referencial importante, dentro de uma visão histórico-crítica da sociedade, para a formação do
cidadão, como um processo de construção do conhecimento a partir da relação professor-aluno,
partilhando saberes.
O professor é conhecido como o mediador da aprendizagem, e deve transmitir seu
conhecimento baseado no aprendizado multo, trocando experiências com os alunos. É verdade
que ele deve oferecer e conduzir o processo de ensino, mas fornecendo ao educando a
liberdade de questionar e discutir as questões abordadas. É importante ressaltar que em pleno
século XXI, ainda existe educador tradicional, dono da verdade, que se baseia em conteúdos
programáticos tornando os discentes meros receptores.
A partir de minha formação docente pude perceber que o professor é o mediador entre a
interação do aluno com o conhecimento, visto que é seu papel proporcionar ao aluno, em certa
medida, o acesso a informação, para que o mesmo possa construir seu pensamento, suas
aptidões e suas atitudes, possibilitando aprendizagens significativas. Cabe ao professor, do meu
ponto de vista, utilizar linguagem acessível e adequada para seus estudantes, é necessário
conhecer quem são os alunos, qual o perfil da turma dentro de uma análise geral, levando em
conta a localização geográfica da escola, o nível social e econômico, a filosofia da escola e a
época em que vivemos considerando os fatos mais relevantes para a sociedade e
especificamente para eles, considerando seus objetivos as diferentes realidades e interesses.
Não esquecer a responsabilidade de estar à frente de uma classe, constituída por jovens em
formação escolar, prestes a terminarem o ensino médio e iniciarem novos desafios, sejam eles
profissionais ou universitários.
Além disso, um dos desafios para o professor de Sociologia, especialmente, é procurar
adequar os conteúdos a realidade que os alunos vivenciam no dia-a-dia, possibilitando a
desnaturalização dos fenômenos sociais e oferecendo ferramentas para que os estudantes
estejam preparados para a diversidade que é viver em um mundo em constante transformação.
47
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto neste trabalho é possível identificar algumas das dificuldades
enfrentadas no percurso de formação de um professor. A experiência em vivenciar na prática
o que é ser um professor me fez refletir algumas questões. Parto da ideia de que não
escolhemos uma carreira para ser só mais um, mais fazemos por que queremos fazer a
diferença com a profissão que queremos seguir, no caso da formação de professores se alinha
a isso a crença na capacidade transformadora da educação.
A escola nos marca de forma muito variada, penso que toda pessoa que passou pelo
ambiente escolar leva em sua memória aquele professor que a marcou, positivamente ou
negativamente. Minhas experiências nos estágios me permitiram entender que não basta ter
inúmeros títulos, se você não se importar com cada aluno individualmente. Faz-se necessário
saber que a formação dos indivíduos não ocorre apenas no espaço escolar, ocorre também no
meio ao qual se está inserido, é nesta perspectiva que a escola deve ser compreendida como
um local de diferentes culturas, de diversas possibilidades, onde todos tem voz.
A educação é vista, por alguns estudiosos, como um agente transformador capaz de
diminuir as desigualdades sociais. Durante minha formação, e de forma mais específica, em
algumas disciplinas do meu curso, pude me debruçar sobre reflexões que tratavam do ensino
de sociologia no Brasil. A partir de algumas leituras tomei conhecimento de que no Brasil
vivemos em um processo de constantes retrocessos e expansões, quando se trata do lugar que
a disciplina ocupa no currículo da educação básica. A disciplina foi introduzida, no Brasil,
após a proclamação da república, sendo neste contexto que o ensino de sociologia surgiu e
teve sua implantação nos cursos de formação escolar.
Marcada por idas e vindas, a disciplina de sociologia foi, por muitas vezes, alvo de
questionamentos sobre sua importância na grade curricular na educação básica. Tal cenário
começa a se alterar, de forma mais incisiva, no início dos anos 2000, quando começa a ser
elaborada uma revisão do PCNs que culmina com elaboração das OCNs. Em tal momento a
discussão em torno do ensino de sociologia na educação básica começa a ganhar espaço e em
2008 é promulgada a Lei nº 11.684 que inclui a obrigatoriedade do ensino de Filosofia e a
Sociologia em todas as séries do ensino médio, neste momento a sociologia é reintroduzida à
nível nacional.
De lá para cá os estados foram se adaptando a norma e incluindo a disciplina em seus
currículos. Como vimos nesse texto, existem poucos registros sobre a inserção da sociologia
no estado de Alagoas, mas sabemos que ela já aparecia nos currículos das escolas normais
48
bem antes de sua obrigatoriedade, e nos processos de entradas e saídas do currículo. Em
Alagoas a disciplina volta a ocupar espaço quando aparece nos vestibulares da UFAL no ano
de 1999, prática que se efetivou em 2001, conforme destaca Ferreira (2015).
Diante disto, mesmo com sua primeira aparição no vestibular de 1999, ela só passa a
aparecer com seus conteúdos específicos em 2006, ou seja, após seis anos de sua primeira
aparição nas provas de vestibular, tal configuração muda quando, em 2011, mais uma vez a
disciplina é moldada para se adequar aos novos modelos de vestibulares unificados com a
implantação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), nesse momento os conteúdos da
disciplina ficam diluídos, a mesma aparece na área das Ciências Humanas e suas Tecnologias.
Além dessas questões, também sinalizei, nesse texto, a tardia implantação do curso de
formação de professores em Ciências Sociais no estado de Alagoas, que aconteceu no ano de
1993. Buscando trazer algumas problematizações sobre o ensino de Ciências Sociais em
Alagoas busquei apresentar algumas considerações sobre meu processo formativo. Como
aluna pude vivenciar de perto os contratempos pela qual passa a universidade pública, a
instituição enfrentou e enfrenta vários problemas desde os estruturais até o reduzido número
de docentes. Até pouco tempo o Instituto de Ciências Sociais não tinha bloco administrativo
próprio. Na época em que iniciei o curso os alunos só estudavam no bloco até o 4º período
porque não tínhamos salas suficientes para atender a demandas dos cursos, assim sendo
depois do quarto período nós éramos destinados a cursar as disciplinas em outros blocos,
muitas vezes longe do bloco de origem. Além desses desafios estruturais, era recorrente a
falta de professores para assumir algumas disciplinas, vivi essa situação no momento em que
fui cursar o componente curricular de estágio, o que ao meu ver acabou prejudicando o
desenvolvimento tanto dos conteúdos, como na vivência prática das atividades de estágio.
Quando sinalizo tais questões objetivo destacar os desafios que a falta de incentivos e
financiamentos nas universidades públicas podem gerar na formação dos estudantes, mesmo
reconhecendo que na maioria das vezes são os profissionais que atuam nos cursos que se
desdobram para garantir que nós acessemos não apenas as atividades de ensino nas
universidades, mas que tenhamos oportunidade de fazer pesquisa e extensão.
No texto também destaco que com o PPC de 2013 o cenário começa a mudar, a nova
estruturação dos cursos dá um novo fôlego ao Instituto para a consolidação de algumas
propostas como a disciplina de Projetos Integradores, fazendo a mesma ter a função voltada
para a prática pedagógica, já que antes elas estavam voltas para a busca da
interdisciplinaridade entre as disciplinas base. Além disso surgiram os projetos que estão em
andamento como o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) e o
49
Programa de Residência Pedagógica, esses Programas trouxeram grandes avanços, mais ainda
existes muitos desafios e limitações a serem sanados, tendo em vista que tais programas não
atingem a todos os estudantes.
Considero a experiência, enquanto aluna em um curso de formação de professores,
única e que jamais passarei pela mesma sensação duas vezes, mesmo diante de todas as
adversidades que encontrei durante o percurso. Os desafios que observei nas escolas da rede
estadual, especialmente na escola Prof. Benedita de Castro Lima, não diferem muito dos aqui
ressaltados a respeito das universidades. Faltam estruturas adequadas que facilitem o dia-a-dia
das atividades na escola, faltam professores, quadro de funcionários insuficiente para suprir a
demanda, uma quantidade enorme de monitores que não possuem a remuneração igual aos
dos concursados, o que deixa o profissional desestimulado.
Ter a oportunidade de observar esses cenários, enquanto aluna, e problematizar tais
questões, potencializam nossa capacidade de discussão sobre os desafios da educação no
Brasil. Ao mesmo tempo em que a experiência dos estágios me causou espanto com a
realidade das salas de aula, ela me despertou um encantamento com o universo que podemos
explorar dentro da sala e a infinidade de assuntos que podemos abordar, provocando a
desnaturalização dos fenômenos sociais.
Considero que a disciplina de Sociologia tem muito a agregar à escola, estimular a
desnaturalização de vários fatos sociais pode fazer com que o aluno tenha uma percepção
diferente do que foi visto e vivido em sua formação até o presente momento, penso que pode
fazer com que ele aprenda a buscar informações, tornando-se um agente crítico.
Dentro de minhas limitações, o presente trabalho buscou fazer uma breve digressão a
partir de minha trajetória e vivência de campo nas atividades de estágio. Finalizo esse texto
ciente de que ainda há muito o que se estudar sobre a institucionalização de Ciências Sociais
no Brasil e de modo mais específico, em Alagoas.
50
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51
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VEIGA, Ilma Passos A. (Org.). Escola: Espaço do Projeto Político-Pedagógico. 7. ed.
Campinas, SP: Papirus.1998
52
ANEXOS
53
Anexo I
Questionário realizado com o Diretor da escola.
Caracterização do ambiente Escolar Infra estrutura
1. Quantas salas de aulas?
2. Quantos banheiros?
3. Possui Biblioteca? Como é seu funcionamento?
4. Possui Laboratórios? Como é seu funcionamento?
5. A Escola possui quadra de esportes?
6. A escolas possui adaptações para portadores de necessidades especiais?
7. Há profissionais capacitados para trabalhar com portadores de necessidades especiais?
8. Qual o número de alunos da escola?
9. Qual o número de funcionários da escola?
10. Quantos professores atuam nas seguintes disciplinas:
(
(
(
) Português (
) Religião
) Matemática (
) Língua estrangeira (
) Ciências
) Artes (
(
) História (
) Educação Física (
) Geografia
) Outros
11. Quais os turnos de funcionamento da Escola?
12. Quais os horários das aulas de ciências sociais?
13. Possui copa?
14. Possui deposito de merenda? Se chega com regularidade?
15. Possui almoxarifado?
16. Se possui recurso didático? Quais? (data-show, TV, DVD).
54
17. Se são realizados eventos? (festa das mães, festas juninas).
18. Se tem possui algum projetos pedagógicos? Quais?
19. Se é escola aberta?
Caracterização do Professor de Ciências Sociais
1. Você possui formação inicial (graduação)?
2. Possui Formação continuada? (Especialização, Aperfeiçoamento, Mestrado, Outros)
3. Você desenvolve algum projeto de Ciências?
4. Você contextualiza suas aulas? 5. Qual sua carga horária?
Professora:
Disciplina: Ciências sociais
Série:
Carga horária:
55
Anexo II
ESTADO DE ALAGOAS SECRETARIA DE EDUCAÇÃO 13ª GERÊNCIA
REGIONAL DE ENSINO ESCOLA ESTADUAL PROFª. BENEDITA DE CASTRO
LIMA Rua Santa Rita, S/N Clima Bom II – Maceió - AL
PLANO DE AÇÃO DE GESTÃO ESCOLAR 2016-2017
Introdução:
A educação escolar básica é um bem público, cuja garantia é um direito de cidadania,
a gestão democrática surge para fixar novas ideias e estabelecer na instituição uma orientação
transformadora conforme sustenta a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
em seu artigo 206, inciso VI e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 em seu
artigo 14. Participar da gestão democrática da escola significa que todos se sentem e
efetivamente são partícipes do sucesso ou do fracasso da escola em todos os seus aspectos:
físico, educativo, cultural e político. Como afirma Gaddotti 1994 “A gestão democrática é
condicionante imprescindível da qualidade”. Faz-se necessário, por sua vez, que a comunidade,
os usuários da escola sejam os seus dirigentes e gestores. Na gestão democrática pais, alunos,
professores e funcionários assumem sua parte de responsabilidade pelo projeto da escola. Para
tanto é preciso trabalhar com metas a serem atingidas, objetivar os caminhos a serem
percorridos visando a qualidade e equidade. Cabe ao gestor escolar, dentro deste contexto,
propiciar as ações que irão nortear e dar subsídio à proposta pedagógica da escola, com base no
princípio de gestão democrática e inclusiva. Neste intuito este Plano de Ação irá visar uma
melhor compreensão da escola em suas dimensões da Gestão: Pedagógica, Participativa, de
Pessoas, Tecnológica, Serviços e Recursos e de Resultados Educacionais. Essas dimensões
serão articuladas em conformidade ao Projeto Pedagógico da Unidade Escolar, PDE e
Regimento. Observando que estas dimensões serão apresentadas através de ações que
possibilitem a articulação dos contextos administrativos, pedagógicos, em prol da melhoria da
qualidade de sua práxis cotidiana.
Justificativa:
O século XXI é um tempo de avanços do conhecimento humano e novas tecnologias.
O mundo está passando por incríveis mudanças e marcam a nova direção na história da
56
humanidade. Nessa tarefa, a educação (no sentido de formação) detém o maior índice de
responsabilidade. As grandes e contínuas transformações sociais, científicas e tecnológicas
passaram a exigir um novo modelo de escola e consequentemente, um novo perfil de dirigente
com formação e conhecimentos específicos para o cargo e a função de diretor-gestor.
Considerando a profunda alteração do papel da família, que também é indicador no processo
educacional das Unidades escolares (UE), e mediante os vários acontecimentos acerca da
educação, é preciso observar os resultados e avaliar a instituição escolar. Neste sentido foram
analisados dados coletados junto à comunidade escolar através de observações, consultas
documentais no PPP e PDE e Avaliação Diagnóstica, na qual se observa que há um índice
insatisfatório em relação à aprendizagem dos alunos refletida também nos indicadores do
IDEB.
Em relação à infraestrutura da UE, percebe-se que a esta precisa de
ampliação/Adequação/reforma, sabendo que tais características também influenciam no
processo aprendizagem. É sabido que condições de trabalho atraentes tendem a melhorar o
clima escolar, enquanto prédios negligenciados tendem a encorajar o vandalismo e desmotivar
os profissionais e os alunos. Isto é um referencial importantíssimo que precisa ser analisado no
contexto escolar. É preciso perceber os indicadores de qualidade da instituição e perceber que a
escola é uma organização, sendo necessário que as funções de apoio administrativo e setores
especializados, funcionem de modo a proporcionar melhores condições de aprendizado, de
atendimento ao aluno e professores no espaço escolar, tendo em vista que a escola precisa
avançar no campo pedagógico, observando os fatores internos e externos que podem contribuir
ou que precisam de intervenção.
Para que haja qualidade é preciso também que haja
organização dos registros escolares; utilização das instalações e equipamentos; preservação do
patrimônio escolar; interação escola/comunidade; captação e aplicação de recursos didáticos e
financeiros, comprometimento por parte do grupo gestor no ambiente pedagógico com foco
para melhorar o currículo e a prática em sala de aula dos professores de forma contínua e que
não fique restrito apenas a parte burocrática da Unidade Escolar.
De acordo com estas características apresentadas, o Plano de Ação de Gestão Escolar
2017 foi pautado no intuito de articular os projetos da escola: PPP, PDE, Regimento Escolar,
Conselho Escolar e Educação Inclusiva, buscando envolver a comunidade escolar, família,
alunos; primeiramente num clima de colaboração, participação e inteiração, de modo que todos
se sintam envolvidos e parte integrante do processo educacional, buscando juntamente com a
equipe gestora soluções para melhoria do processo ensino-aprendizagem que deve ser fator
primordial numa Unidade Escolar. Segundo Marques (1981), a participação de todos nos
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diferentes níveis de decisão e nas sucessivas fases de atividades é essencial para assegurar o
eficiente desempenho da organização. A flexibilidade de pessoas e da própria organização
permite uma abordagem aberta, facilitando a aceitação da realidade e permitindo constantes
reformulações que levam ao crescimento pessoal e grupal. Neste sentido, as ações predispostas
neste trabalho têm como objetivo melhorar a qualidade do ensinoaprendizagem, atendendo aos
anseios dos segmentos, visando uma gestão firme e objetiva com enfoque participativo.
Objetivos:
1. Dimensão Gestão Pedagógica:
Ø Dar atenção especial às primeiras séries do ensino fundamental II, fomentar atividades
complementares e de reforço com intuito de melhorar o rendimento desses educandos e
proporcionar uma melhor formação básica, preparando-os para o ensino médio.
Ø Atualização dos professores em sua prática docente, estimulando a discussão em grupos de
ação pedagógica coletiva, socializando experiências e colocando em prática novas ideias e
metodologias do processo ensino-aprendizagem.
Ø Assegurar condições de aplicação dos Projetos previstos no PPP e PDE.
Ø Ampliar o acervo de livros e construir a biblioteca virtual, com acesso à internet para
consultas aos acervos de outras bibliotecas pelo mundo.
Ø Acompanhamento avaliação de programas e projetos desenvolvidos na UE, observando o
IDEB e buscando meios de sanar déficits juntamente com o pedagógico.
Ø Realizar planejamentos bimestrais mantendo diálogo entre os setores de gestão e pedagógico.
Ø Propiciar políticas de inclusão com equidade.
Ø Promover e viabilizar o desporto e o lazer fomentando escolinhas de diversas modalidades
esportivas, realizando competições Inter classe e participar de competições em nível municipal
e/ou estadual.
Ø Buscar atendimento psicológico a comunidade escolar como meio de prevenir problemas
psicológicos em virtude do trabalho.
2. Dimensão Gestão Participativa:
Ø Assegurar o princípio da Gestão Democrática participativa, com fortalecimento do Conselho
Escolar.
Ø Planejar ações do PPP E PDE juntamente com a comunidade escolar, visando melhoria no
processo ensino-aprendizagem.
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Ø Divulgar o Regimento Escolar, Projeto Político Pedagógico e Plano Desenvolvimento da
Escola à comunidade escolar, alunos, família, comunidade.
Ø Fortalecer o Conselho Escolar para atuar conforme critérios já definidos.
Ø Estabelecer meio de comunicação para divulgar as ações da escola, Rádio e Jornal Escolar,
Redes Sociais, etc..
3. Gestão de Pessoas
Ø Propiciar momento de lazer com comunidade escolar, pelo menos uma vez ao ano.
Ø Valorizar e respeitar as diferenças de cada profissional dentro de sua área de trabalho.
Ø Incentivar participação da comunidade escolar nos Trabalhos Coletivos
Ø Possibilitar aos segmentos vivenciar processos de conhecimento que busquem uma melhor
compreensão da escola em suas dimensões: Gestão pedagógica, Participativa, de Pessoas,
Tecnológica, de Serviços e Recursos e Gestão de Resultados Educacionais.
Ø Promover a integração da família nos processos pedagógicos.
Ø Incentivar a comunidade escolar à Formação continuada.
Ø Incentivar os funcionários da escola a zelar pela organização de cada setor, visando local
agradável.
Ø Incentivar cada segmento a observar os direitos e deveres.
Ø Zelar pelo cumprimento da carga horária prevista para o aluno, assegurando assim seu pleno
desenvolvimento.
4. Gestão Tecnológica
Ø Assegurar o uso das Tecnologias como instrumento de trabalho dos professores e melhoria da
aprendizagem dos alunos.
Ø Incentivar professores a utilizarem as TIC’s como processo formativo do próprio
crescimento profissional.
5. Gestão de Serviços e Recursos
Ø Dar subsídio e apoio à equipe administrativa em relação à organização da documentação
escolar, fornecer treinamento sobre o SAGEAL e informatizar totalmente os processos de
documentação e registro na secretaria da escola.
Ø Prover meios de subsidiar os setores da escola em relação aos equipamentos, dando
sustentabilidade e equiparação quando necessário.
Ø Despertar para o espírito de pertencimento em relação à preservação do patrimônio escolar.
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Ø Promover interação escola/comunidade.
Ø Subsidiar corpo docente com recursos e materiais pedagógicos.
Ø Aplicar Recursos financeiros PDDE/ESCOLA DA HORA, com transparência e de acordo
com o previsto.
Ø Buscar junto aos órgãos competentes a ampliação e reforma da UE.
Ø Adquirir ar condicionado e quadros de vidro para todas as salas de aulas, biblioteca e
laboratórios.
Ø Instalar mais câmeras de segurança no pátio da escola e nas salas de aulas.
Ø Arborizar adequadamente as áreas externas da escola.
Ø Adquirir mais projetores multimídia para as salas de aula, biblioteca e auditório.
Ø Aprimorar a aparelhagem de som da escola para os eventos fora da escola, bem como sua
utilização no interior da mesma. Adquirindo microfones e caixas de som mais modernos.
6. Gestão de Resultados Educacionais
Ø Divulgar resultado dos alunos aprovados processos seletivos/ENEM.
Ø Avaliar juntamente com equipe pedagógica o resultado das ações previstas no PPP E PDE.
Ø Demonstrar transparência na aplicação dos recursos.
METAS:
Estudos de cada ação e dos meios para realizá-las através recursos financeiros do PDDE e
ESCOLA DA HORA, previstos para médio e longo
Socialização dos resultados obtidos, buscando estar mais presente nos assuntos
Organizações de atividades e ações que priorizem toda clientela a fim de promover a
igualdade, de modo que todos tenham capacidade de se equiparar na aprendizagem.
Criar escolinhas de esportes, buscando trazer o aluno para a escola e evitando a evasão,
Procurar parcerias
Concentração de esforços em relação ao Conselho Escolar, tornando-o mais atuante e
participativo nas tomadas de decis
Participação da comunidade escolar atualização do PDE e PPP, ajudando na articulação
das ações com vistas na melhoria do processo ensino-aprendizagem.
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Conscientizações do papel que cada um representa na Unidade Escolar, reconhecendo e
valorizando s
Realizações de Palestra mostrando os diversos fatores que compõe uma.
Unidade Escolar no intuito de rever conceitos e conhecer a parte pedagógica e burocrática.
Realizações de eventos que tragam a família para escola, no sentido de criar espírito de
Organizaç
Obtenção de sustentabilidade em relação aos recursos, equiparando e fazendo reparos onde
Orientações pedagógicas e do grupo gestor em relação ao Patrimônio da escola aos
Participações do Conselho Escolar nas Prestações de contas da Merenda Escolar, PDDE e
Melhoramento das condições físicas das salas, proporcionando melhor aprendizagem aos
educandos e oferecendo local de trabalho mais agradável ao professor e visando uma forma
de garantir a segurança, reduzindo o índice de vandalismo como pichações, vidros e portas
quebra
Organização por turno dos materiais de limpeza evitando desperdício;
Estratégias
interferência na execução das ações. Estas ações estarão contempladas no PDDE e ESCOLA
resultados pelos educandos e juntamente com a equipe pedagógica o grupo gestor irá propor
soluções no caso de resultados insatisfatórios. Esta ação será realizada bimestralmente e/ou
reforço e atividades extras para que os educandos tenham subsidio para seu crescimento
e reuniões com pedagógico verificar e se inteirar dos problemas para
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problemas detectados na UE bem como inserir o conselho nas tomadas de decisão e
acompanhamento dos re
início de cada ano letivo reuniões com todos os segmentos a fim de atualizar o PPP e inteirar a
comunidade sobre o funcionamento dos programas.
Após a atualização, o PPP e PDE serão apresentados à comunidade escolar, pais,
Desenvolvimento de programas de valorização do servidor (ações como Professor/Servidor
destaque), com direito a certificado e evento
de valorização do educando. Aluno destaque com direito a certificado e evento de premiação
Avaliação
Avaliação do plano de ação será continua através de observação e análise de relatórios obtidos
bimestralmente nas reuniões de ação pedagógica coletiva, ou ao final da execução das ações
propostas.
REFERÊNCIAS
AMARAL,Ana Lucia e outros,Curso Formação de Gestores,CAED,UFJF,volume único 2011.
BONAMIMO,Alicia
Fátima
Alves,
Cynthia
Paes,Escola
como um
ambiente
de
Participativa
do
aprendizagem,curso de Formação de Gestores-SEEGO-40 HORAS.
COELHO,
Salete
do
Belem
Ribas
e
Clarice
Linares,Gestão
AmbienteEscolar,Disponívelem:http://web03.unicentro.br/especializacao/Revista_Pos/P%C3
% A1ginas/3%20Edi%C3%A7%C3%A3o/Humanas/PDF/17-Ed3_CH-GestaoParti. Acesso,
16.10.2016,00h.
Formação, em serviço, dos gestores da Rede Estadual de Ensino:Diretores,Secretaria da
Educação,gestão 2007/2010. Pag.20,21,22.
LIDERANÇA
DE
DIRETOR,
Disponível
em:
http://www.google.com.br/search?hl=ptBR&biw=1024&bih=599&q=diretor%20de%20escol
a&gbv=2&gs_sm=c&gs_upl=883l1966l0l7l7l
0l0l0l0l401l1253l1.4.1.0.1&ie=UTF8&sa=N&tab=acesso, 16.10.2016,13h.
Metas
e
Objetivos,
em:http://www.webartigos.com/articles/9097/1/Metas-EObjetivos/pagina1.html,
disponível
acesso
16.10.2016 às 23h
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